Folha de S. Paulo


O jornalista é um verdadeiro ignorante; mas um ignorante curioso

Quando eu era criança, queria ser cientista.

Também queria ser cirurgião, o médico que opera as pessoas. E queria, claro, ser astronauta. E ainda arqueólogo, que procura tesouros enterrados.

Fui crescendo e vi que queria muitas coisas sem conseguir ser nenhuma.

Tentei ser advogado, que conhece as leis e defende o direito das pessoas. Pensei até em virar professor. Se eu não sabia fazer nada, quem sabe soubesse ensinar os outros a fazer?

Aos poucos percebi que era jornalista. Um verdadeiro ignorante, que sabe um pouquinho sobre muitas coisas. Mas um ignorante curioso, que sempre quer saber mais sobre tudo.

E tem uma coisa que o jornalista sabe fazer. É contar uma história. O escritor, que também conta histórias, pode inventar. O jornalista não. Ele só conta coisas que aconteceram. Que estão acontecendo agora. As notícias.

Muito tempo atrás, disseram para um jornalista famoso que o jornal dele só publicava mentiras. Ele respondeu: "Mas o que vocês queriam por dez centavos? A verdade?". Um jornal custava dez centavos.

Era uma piada dele. Ele queria dizer que a verdade é muito difícil de encontrar e que, por isso, devia custar muito caro. Quase sempre, tudo o que é raro é caro.

Mesmo assim o jornalista tenta achar a verdade. E são tantos assuntos! Vulcão que começa a cuspir fogo. Vacina nova contra a gripe. Guerra do outro lado do mundo. Estrada que o governo quer construir. As notícias não param!

Faz 50 anos que a "Folhinha" vive nessa correria, tentando descobrir novidades úteis e interessantes para a criança que gosta de ler. E para os pais e professores dela. Parabéns!

Os jornalistas cuidam do presente, mas os leitores pensam no futuro. Leia aqui o que alguns deles imaginaram para a "Folhinha" daqui a 50 anos!

Ilustração João Montanaro
A figura do jornalista, segundo o ilustrador João Montanaro.

Endereço da página:

Links no texto: