Folha de S. Paulo


Papel, site ou tablet? Hábito de ler jornal passa de avós para netos

Oswaldo Fiore, 82, tem um compromisso semanal há mais de 40 anos: separar a "Folhinha" assim que o jornal chega. No começo, a ideia era que seus filhos lessem o caderno infantil. hoje, é para os netos que entrega o suplemento.

"A 'Folhinha' já me ajudou muito na escola", diz Camila, 13, sua neta.

Adriano Vizoni/Folhapress
A família Fiore lê a
A família Fiore lê a "Folhinha" há três gerações. Os avós Oswaldo e Regina, a filha Cristiane e os netos Camila, Fernando e Luciano.

"Gosto porque também trata de temas de adultos, como reportagens sobre o papa e deficiência física", diz Henrique, 12, seu neto.

Na família, o hábito de ler o jornal passou dos avós para os filhos e netos, que preferem o papel ao site e à versão em tablet e celular.

Esse é também o caso de Eduardo Di Donato, 11. "É estranho ler na tela. Além disso, não é todo mundo que tem tablet e internet."

Para o garoto, a importância de ler o noticiário não é só entender o que acontece no mundo. "Ajuda nas matérias da escola."

GAME

Para Cristiane Parente, coordenadora do Programa Jornal e Educação da ANJ (Associação Nacional de Jornais), a leitura do jornal ajuda a criança a se tornar mais crítica.

"E, quanto mais crítica, mais consumirá notícias. O caderno infantil ajuda a formar o leitor do futuro."

No entanto, Marion Strecker, colunista da Folha e cofundadora do UOL, afirma que o leitor do impresso está se tornando cada vez mais velho. "A nova geração está perdendo o contato com o noticiário."

Em sua opinião, isso acontece porque os jornais estão menos atrativos. "Criança gosta de brincar. Não sei por que o jornalismo infantil tenta se afastar disso, apesar da tendência atual de transformar informação em games."

Luana Gonçalves, 8, entra no debate. "Precisa ter equilíbrio entre diversão e informação", acredita.

Durante a entrevista à "Folhinha", nesta semana, a garota e amigos da escola testaram a versão para tablets da "Folhinha".

Sofia Awad, 8, ao saber da existência do aplicativo do jornal, comentou: "É perfeito porque não preciso sair do jogo do iPad."

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REPÓRTERES MIRINS

Alunos do colégio Oswald de Andrade, em São Paulo, estão acostumados a ler jornal no papel. Mas, ao testar a versão digital da "Folhinha" no tablet, nem precisaram de explicações sobre o aplicativo da Folha.

O jornalismo foi tema de atividade sobre o festival de jogos da escola. "Escrevi sobre o Garrafa Ball. A equipe usa bolas para derrubar as garrafas do outro time", conta Manoela Gallan, 8.

Além do jornal impresso, fizeram reportagens em vídeo e colocaram no YouTube.

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NEGÓCIO DE FAMÍLIA

A "Folhinha" sempre esteve na casa da família Fiore, em São Paulo.

Os avós Oswaldo, 82, e Regina, 71, acompanharam o nascimento do caderno. "Eu entregava o jornal aos meus filhos por causa de matérias educativas", lembra Regina.

Mas, Cristiane, 49, sua filha, conta que gostava mesmo dos quadrinhos do Mauricio de Sousa.

Hoje, são os netos que leem o caderno. "Já li algumas vezes no computador, mas prefiro a versão impressa", diz Camila Fiore, 13.

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Eduardo Anizelli/Folhapress
Os irmãos Fernanda, 13, e Eduardo, 11, posam com edições da "Folhinha".
Os irmãos Fernanda, 13, e Eduardo, 11, posam com edições da "Folhinha".

MAIS DIVERTIDO

Os irmãos Fernanda, 13, e Eduardo Di Donato, 11, cresceram lendo a "Folhinha".

"Quando eu tive aula sobre jornal na escola, levei o caderno para comentar com meus amigos", conta o garoto.

Para Fernanda, é mais fácil ler um jornal feito para crianças. "Não gosto de política, e o jornal para adultos é muito chato -não dá vontade de pegar", diz a menina. "Hoje leio menos a 'Folhinha'. Cresci. Mas, quando ela traz alguma curiosidade, sempre me interesso."


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