Folha de S. Paulo


Pais dividem educação dos filhos com a mãe, mas assumem o comando da tarefa

Os passos de Valentina Donask, 1 ano e 11 meses, são rápidos, um tanto descompassados, mas com a força de quem busca se firmar. Algumas palavras ainda saem enroladas, mas não a mais recorrente, pronunciada em série: "Pai, pai, pai, pai...".

Brincando com a amiga que acabara de fazer em um parque, em São Paulo, não perde o pai de vista.

Desde que Valentina tinha cinco meses, o fotógrafo Roberto Donask, 39, responde pela rotina dela --troca fralda, dá banho e comida, leva ao médico e para passear. A mãe da menina os visita com frequência.

Eduardo Anizelli/Folhapress
Valentina se diverte com o pai, Roberto, em gangorra
Valentina se diverte com o pai, Roberto, em gangorra

Sair para trabalhar é o momento "crítico" do dia, diz ele. "É uma luta, porque ela quer ir junto. Então, a coloco para dormir e 'fujo'", diz Roberto.

"A criança acaba te educando. Hoje, eu cuido do que falo, porque sei que pode refletir na vida dela", diz. "Ela é como um HD [memória do computador] vazio, captura tudo que é informação e reproduz."

O cartunista Aggeo Simões, 45, publica em um blog suas experiências de pai separado que cuida da filha. A iniciativa rendeu o livro "Manual do Pai Solteiro" (ed. Best Seller/Record, R$ 22), lançado neste mês.

Sua filha, Ava, 9, passa a semana com ele, e os finais de semana com a mãe, o que configura a guarda compartilhada.

"As regras precisam ser as mesmas na casa da mãe e do pai", pondera Aggeo.

Ava aprova a função: "Tenho dois quartos, cada um com brinquedos, roupas e materiais da escola."


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