Folha de S. Paulo


Menino de 11 anos diz que a família 'tremeu' antes de encontro com papa

Gustavo Ribeiro, 11, pulou da cama às 5h da última quarta-feira (24) para um compromisso importante em Aparecida (a 180 km de São Paulo), cidade vizinha a Guaratinguetá, onde mora.

A família do garoto foi convidada a fazer o ofertório durante a primeira missa pública que o papa Francisco rezaria no Brasil, na Jornada Mundial da Juventude. Ou seja, eles entregariam, nas mãos do papa, a água, o vinho, o pão e as âmbulas (um tipo de cálice) que seriam utilizados durante a missa.

"Todo mundo ficou tremendo antes da procissão até o altar. Estávamos muito emocionados em saber que chegaríamos perto do papa. Minha mãe era a mais nervosa, e minha avó até chorou", diz o garoto, que entrou na igreja ao lado de seus pais, dos avós e de seu irmão, Guilherme.

O convite surgiu porque o avô realiza trabalhos comunitários na pastoral familiar de Guaratinguetá há 13 anos.

VERGONHA

A caminhada rumo ao encontro com o santo padre, no entanto, começou bem antes das 11h40, horário aproximado da procissão das oferendas.

"Chegamos em Aparecida às 7h e ficamos esperando no convento. De lá, os padres nos levaram à basílica por um túnel. Às 8h30 já estávamos dentro da igreja, onde ficamos esperando", conta Jaqueline, mãe dos meninos. "Foi cansativo. Chuva, frio, milhares de pessoas, mais de quatro horas de espera, mas eles se comportaram direitinho."

Para os meninos, que participam das atividades da igreja católica desde pequenos, valeu a pena aguardar cada minuto pelo grande momento.

"Fiquei com um pouco de vergonha, mas gostei bastante", diz Guilherme, 6, que ganhou um terço do papa Francisco.

"Apesar de estar cansado, faria tudo de novo, do mesmo jeito. Senti uma emoção forte quando o papa beijou minha testa. Ele é muito humilde e gosta de estar no meio do povo", comenta Gustavo. "Depois que saímos da igreja, várias pessoas pediram para tirar foto com a gente. Foi muito legal e até me senti um pouco famoso."

ANSIEDADE

Dois dias antes da chegada do papa na cidade de Aparecida, na segunda-feira (22), quando a "Folhinha" falou com a família pela primeira vez, a ansiedade pelo encontro com o chefe da igreja era grande.

"Contei para todos os meus amigos que eu vou chegar perto do papa Francisco e eles falaram: 'me leva com você'. Pensei em quantas pessoas gostariam de estar no nosso lugar", contou Gustavo. "Ele é muito simpático e é o primeiro papa daqui de pertinho, da América."

Jaqueline contou que embora os meninos soubessem da importância do sucessor de Bento 16, eles ainda não entendiam direito a grandeza do momento que iriam vivenciar na basílica de Aparecida.

"Hoje [segunda] começou a cair a ficha. Começamos a ter noção do impacto verdadeiro de estar ali [no altar], representando o Brasil. É uma responsabilidade imensa", afirmou.


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