Folha de S. Paulo


Crianças pararam av. Paulista para testar semáforo; leia texto de 1966

Depois de uma aula sobre eletricidade na escola, quatro alunos entre dez e 12 anos saíram do colégio e fecharam a avenida Paulista.

A "Folhinha" acompanhou essa história em 1966, quando os meninos testaram um semáforo feito em sala de aula e ajudaram a organizar o trânsito da avenida.

Feito com pilhas e potes de margarina, o semáforo parou os carros, ajudou os pedestres a ajudar e deu um dia de guarda de trânsito os quatro garotos.

Leia o texto publicado em 4 de dezembro de 1966 abaixo.

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Uma aula sobre eletricidade, dada por d. Maria Adelaide, professora do 4º ano primário do Colégio Pedro I, trouxe resultados inesperados.

Otavio Furman, Rogério Cavazolo, Alex Artischeff e Afonso Amendola, cujas idades variavam dos 10 aos 12 anos, foram encarregados de realizar um trabalho prático sobre a matéria dada em classe.

Reprodução
Crianças testam semáforo na av. Paulista, em 1966
Crianças testam semáforo na av. Paulista, em 1966

QUEBRA-CABEÇA

Os quatro garotos reuniram-se após a aula: precisavam quebrar a cabeça para realizar algo de interessante, inédito mesmo, pois o tema dessa mesma aula já resultara, nos anos anteriores, em turbinas e outros aparelhos que hoje se encontram expostos na "Light".

A responsabilidade era grande, e os quatro meninos ficaram algumas horas matutando sobre o assunto.

Mas eis que, ouvindo comentários sobre o novo Código de Trânsito, sobre o famosos Fontenelle, que endireitou o trânsito do Rio e agora está estudando o de São Paulo, veio a grande ideia: construir um semáforo.

Descoberto o tema do trabalho, os quatro puseram-se mãos à obra: reuniram tábuas, pilhas e lâmpadas de lanternas, potes plásticos coloridos de margarina, fios etc. e a coisa teve início.

As dificuldades maiores que iam surgindo durante a execução eram resolvidas com o auxílio dos irmãos mais velhos, que colaboraram com prazer.

AULA PRÁTICA

Pronto o pequeno semáforo, veio nova ideia: por que não utilizá-lo numa aula prática de trânsito em plena av. Paulista, bem em frente ao colégio, para que todos os colegas assistissem?

Da ideia à execução, foi bem mais fácil desta vez: procuraram o guarda civil Alberto, de serviço naquele local, que achou a ideia formidável e prontificou-se a supervisionar o trabalho dos meninos. Todos os alunos do 4º ano vieram à rua.

Depois de explicado o funcionamento do semáforo --luz vermelha: para; amarela: atenção; e verde: siga-- Otavio, Rogério e Alex cuidaram do trânsito e Afonso comandou a travessia dos colegas sem perigo.

Alberto permitiu o êxito da operação, que recebeu aplausos dos transeuntes.


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