Folha de S. Paulo


Cobra de estimação? Conheça crianças que têm animais silvestres em casa

Gostar mais de brincar com uma jiboia do que com um cão ou gato? Pois Kyra Rabello, de dois anos, apesar de ter cachorros em casa, prefere os répteis.

Filha de veterinários especializados em animais silvestres (selvagens), Kyra convive em casa com duas cobras jiboias, um casal de ferrets (mamíferos da família dos furões), um ring neck (pássaro) e ramsters (pequenos roedores).

Animais silvestres são diferentes dos domésticos, como cães e gatos. Estão acostumados a viver na natureza e, para tê-los em casa, é preciso de uma autorização --todos os bichos de Kyra têm certificado do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente).

Eduardo Knapp/Folhapress
Maria Isabel, 10, tem duas aves silvestres certificadas
Maria Isabel, 10, tem duas aves silvestres certificadas

Maria Isabel Nogueira, 10, já tinha em casa uma pyrrhura (espécie de periquito), o Spyder, quando uma de suas irmãs resgatou um canário-da-terra perdido na garagem do prédio. Os dois pássaros têm um anelzinho de autorização do Ibama.

Esse não é o caso do agapornis Flecha. Pássaro da família dos psitacídeos, ele é dócil. Fica solto no apartamento e pousa no dedo e nos ombros das pessoas. "Ele é bem feliz aqui", diz seu dono, de 13 anos.

O menino ganhou o animal de presente de um parente e não sabe informar se ele foi certificado.

Não é bom ter em casa animais silvestres sem a devida orientação. Os bichos podem ficar doentes, diz o veterinário Rodrigo Ferreira, da clínica Exoticare, de São Paulo.

Ele nota que muita gente tem trocado cães e gatos por esses bichos, sem saber tratá-los corretamente.

Marcelo Pavlenco Rocha, da SOS Fauna (entidade de proteção a animais silvestres) não recomenda a compra desses animais, mesmo que sejam legalizados. "Por que condená-los a viver presos e distantes de outros da sua espécie?", questiona.

JIBOIA QUERIDA
Kyra Rabello, 2, adora brincar com as duas cobras jiboias que tem em casa. Seu pai, Rodrigo, é veterinário e acredita que elas sejam menos perigosas do que aves, que poderiam bicar a garota. "Procuramos deixar o animal sempre em uma zona de conforto", afirma ele.

Pedro Ladeira/Folhapress
Kyra, 2, brinca com jiboia de estimação
Kyra, 2, brinca com jiboia de estimação

DOLCCI E PIU-PIU
Além das aves (a pyrrhura batizada de Spyder e o canário-da-terra que ganhou o nome de Piu-Piu), Maria Isabel Nogueira e suas irmãs também têm uma cachorrinha maltês, a Dolcci. Ela acabou de chegar e já leva vantagem em relação aos pássaros: viaja com a família e dorme no quarto das meninas.

SEM ANEL
O pássaro agapornis não desgruda da família nem nas viagens. Flecha tem a gaiola presa ao cinto de segurança do carro. Seu dono é um garoto de 13 anos que, quando ganhou a ave, não sabia que ela deveria ter um anel na pata, com número de identificação do Ibama.

Joel Silva/Folhapress
O pássaro agapornis e seu dono, de 13 anos
O pássaro agapornis e seu dono, de 13 anos

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