Folha de S. Paulo


'Folhinha' fez reportagem sobre assassinato de Kennedy; releia o texto

O mundo parou em 22 de novembro de 1963. Naquele dia, o então presidente dos Estados Unidos, John Kennedy, foi assassinado enquanto participava de um evento na cidade de Dallas.

Todos os jornais falaram sobre o assunto. E não poderia ser diferente com a "Folhinha".

Na edição de 22 de novembro daquele ano, o caderno trouxe uma reportagem sobre a vida e a carreira do presidente assassinado.

Leia a íntegra e veja fotos abaixo.

*

Reprodução
Kennedy com 8 anos
Kennedy com 8 anos

Vocês devem imaginar como seria arriscado para um grande país como os Estados Unidos ficar muito tempo sem um presidente. Sendo ele o chefe, o homem que governa os destinos de uma grande família, a sua falta por muito tempo iria causar desorientação.

E uma grande nação, como os Estados Unidos, não pode ficar desorientada. Por isso que depois de 40 minutos que faleceu o presidente Kennedy os Estados Unidos já tinham um novo presidente, que é Lyndon Johson e que era o vice-presidente.

Vocês todos certamente acompanharam toda a história pelo rádio, pela televisão ou pela FOLHA também, que publicou muitas fotografias.

E vocês sentiram que o falecimento de Kennedy foi chorado em todo o mundo, porque ele, além de ser um bom pai, que adorava seus 2 filhos, Caroline e John Junior, gostava muito da paz e queria ajudar os povos atrasados e desejava, como aconteceu aqui com todos os abolicionistas, que todos os negros dos Estados Unidos fossem tratados como irmãos pelos brancos.

DEMOCRACIA VERDADEIRA

O presidente Kennedy governou durante 34 meses. Façam as contas e vejam quantos foram. Precisamente dois anos e dez meses.

Ele deveria governar os Estados Unidos até 1964, quando seriam realizadas novas eleições para eleger um novo presidente. E talvez vocês soubessem que o presidente Kennedy deveria ser candidato à reeleição, o que é permitido pela constituição dos Estados Unidos. A mesma coisa não é permitida aqui no Brasil: um presidente não pode ser candidato outra vez ao cargo de presidente assim que termine seu governo. A constituição não deixa.

Vocês devem saber o que é constituição: é um conjunto de leis fundamentais que todos, grandes e pequenos, devem obedecer para que haja ordem e progresso.

Numa democracia verdadeira, o povo é que escolhe os homens que devem governar o país por meio do voto secreto. Na democracia, obedecendo a constituição, todo o mundo é totalmente livre para dizer e escrever o que pensa, respeitando, como vocês devem saber, as leis.

Por isso é importante conhecer a constituição, saber direitinho o que ela diz, para evitar que amanhã a gente faça alguma coisa errada. E para que a gente fique sabendo quais são os nossos direitos. E também os nossos deveres.

ALIANÇA PARA O PROGRESSO

Vocês ouviram falar bastante da "Aliança para o Progresso". Foi o presidente Kennedy que resolveu aplicá-la, inspirado pelas ideias de um ex-presidente brasileiro, o Juscelino Kubitscheck.

Defensor da paz e do combate ao atraso e às injustiças que existem nos países que não cresceram bastante, como acontece em muitas nações da América Latina, o presidente Kennedy queria que os homens de amanhã, e que são hoje crianças, tivessem um mundo melhor, mais feliz, com muitas escolas para os pequenos e saúde para as pessoas das cidades e da roça.

A "Aliança para o Progresso" é um esforço de toda a América (onde se falam o inglês, o português e o espanhol), cada país ajudando outro e os Estados Unidos ajudando a todos, para que haja mais progresso, mais produção de alimentos nos campos e de produtos industriais nas fábricas.

EM SOCORRO DA RAÇA NEGRA

Vocês veem na escola e nos divertimentos que as crianças brancas e pretas se gostam, brincam e estudam juntas. Nos Estados Unidos, acontece que em muitas partes os pretos são maltratados pelos brancos, e até muitas crianças pretas são proibidas de ir à escola com as brancas.

O presidente Kennedy não gostava disso e queria que todas as crianças fossem tratadas iguais, e por isso mandou o Exército acabar com essa história.

Por isso a raça negra amava muito o presidente e sentiu muito a sua morte, como vocês devem ter sentido também.

Reprodução
Crianças negras nos Estados Unidos, em 1963
Crianças negras nos Estados Unidos, em 1963

Endereço da página: