Folha de S. Paulo


'Folhinha' visitou gravações do primeiro filme de Tainá; novo longa estreia hoje

A "Folhinha" de amanhã (9) vai trazer a análise do novo "Tainá - A Origem", terceiro filme sobre a indiazinha que protege a Amazônia. O longa estreia hoje nos cinemas.

Dilma tira fotos com indiazinha em exibição do novo filme 'Tainá - A Origem'

Mas essa não é a primeira vez que o caderno fala sobre a Tainá. Em 1998, a repórter Mirna Feitoza viajou a Manaus para visitar as gravações do primeiro filme da série, "Tainá - Uma Aventura na Amazônia", e conversou com Eunice Baía, atriz que tinha oito anos na época e interpretava a heroína.

Alberto César Araújo - 25.jul.98/Divulgação
Eunice Baía com o macaco Catu
Eunice Baía com o macaco Catu

No fim do texto, surge a pergunta: O que vai acontecer com a jovem atriz depois de Tainá? Quase 15 anos depois, já é possível responder. Eunice interpretou a indiazinha mais uma vez, em "Tainá - A Aventura Continua" (2004), deixou sua cidade natal, no Pará, e atualmente mora em São Paulo e é mãe.

O novo "Tainá - A Origem" conta como a personagem se tornou a defensora da selva. Para isso, a produção escolheu outra atriz para viver a protagonista, a indiazinha Wiranu Tembé, 8.

Veja o texto e algumas imagens de 1998 abaixo.

*

No ano que vem chega às telas de cinema um personagem que tem tudo para agradar a crianças e adultos.

Ela é Tainá, a heroína de "Tainá no País das Amazonas", filme que está sendo feito em Manaus.

A personagem mora na floresta com seu avô, um velho índio que ensina tudo a ela sobre a floresta. Logo no início do filme, ele morre, e a pequena índia Tainá começa a viver mil e uma aventuras.

A trama é assim. Tainá descobre que os bichos estão sendo roubados da floresta e vendidos no exterior.

A menina, que é muito amiga dos bichos, começa a libertá-los - para a ira dos ladrões de animais.

Quem faz a Tainá é Eunice Baía, 8, que mora numa vila de Barcarena, município do Pará. Ela foi escolhida por ser parecida com a personagem.

As filmagens devem terminar no início de setembro.

CINEMA É NOVIDADE

A produção do filme escolheu Eunice entre mais de 1.500 meninas de alguns estados do país, como Amazonas, Pará, Rio de Janeiro e São Paulo. E foi na Vila do Conde, em Barcarena (PA), a duas horas de barco de Belém, que a menina foi encontrada.

A vila na qual Eunice mora com os pais e os oito irmãos foi feita no mesmo lugar onde havia uma aldeia dos índios mucuripis. Hoje não há mais índios lá. Mesmo sem ter TV em casa e nunca ter ido ao cinema, Eunice está surpreendendo a todos nas filmagens.

AULAS EM HORAS VAGAS

Para decorar suas falas, Eunice passa o texto e a cena com um preparador de atores. "Repito a fala umas dez vezes", diz ela, que ainda não sabe ler nem escrever. Na entrevista, Eunice ficava o tempo todo com o macaco Catu, que participa do filme: dava água ao macaco e andava com ele grudado em uma de suas pernas - parecia uma pantufa.

Quando em está em sua cidade, ela gosta de "pular macaca" (amarelinha), brincar de roda e subir nas árvores.

Nas horas vagas do filme, ela tem aulas de alfabetização.

Alberto Cesar Araujo - 25.jul.98/Divulgação
Eunice Baia, 8, com o macaco Catu
Eunice Baia, 8, com o macaco Catu

PERFIS PARECIDOS

Quem ensinou Eunice a fazer a Tainá foi a preparadora de atores Fátima Toledo, a mesma que trabalhou o Vinícius de Oliveira para fazer o Josué de "Central do Brasil" e Fernando Ramos da Silva, para "Pixote".

Além das características físicas, Fátima conta que Eunice foi a escolhida por ter a personalidade parecida com a de Tainá: é corajosa e muito sensível.

Fátima diz que, no início, Eunice ficava muito tensa (preocupada).

Depois, ela começou a acreditar que podia fazer a Tainá e até contribuiu para modificar o filme. "Suas reações, olhares e falas mudaram o roteiro." A preparação de Fátima com Eunice durou três semanas.

MACACO É MACACA

Não é só Eunice que tem um preparador no set. O macaco Catu, que na vida real é uma macaca, também tem esse privilégio. Quem faz a "preparação" é o biólogo Leslie Tavares, 28. Ele diz que não faz adestramento, como nos circos. "Faço adaptação ao ambiente das gravações."

Catu tem ainda um dublê, este sim, um macho. Ele atua quando a macaca se irrita e não quer mais gravar. A fêmea é a estrela principal porque, segundo Leslie, é mais fotogênica.

NATUREZA PÕE LIMITES

Para fazer o filme na Amazônia foi preciso considerar a natureza. Se o rio estivesse baixo, não daria para filmar. A seca de 97, por exemplo, adiou o filme para este ano.

Na cena em que Tainá aparece na canoa, a equipe que trabalha por trás das câmeras ficou em várias canoas. E ainda foi preciso impedir que as imagens "balançassem" com as águas.

Como parte das cenas é a céu aberto, se chover, as gravações são suspensas. E chove sempre. Sem telefone na área de filmagem, o rádio é usado para comunicação.

COMO SERÁ DEPOIS?

Uma das preocupações das pessoas que fazem o filme é o futuro de Eunice.

Segundo o produtor Pedro Rovai, além do cachê, ela vai receber durante quatro anos uma importância em dinheiro todos os meses, para ajudar na sua educação.

Ele disse que Eunice terá participação na bilheteria, mas não quis revelar os valores.

Outra ideia é fazer uma série de TV com o personagem. "Se der certo, Eunice terá outros trabalhos, e faremos um novo contrato (acordo) com a família", afirmou.

Alberto Cesar Araujo - 25.jul.98/Divulgação
Eunice Baia, 8, com o macaco Catu na gravação do filme
Eunice Baia, 8, com o macaco Catu na gravação do filme

Endereço da página:

Links no texto: