Folha de S. Paulo


Jack White, Sonic Youth e Clash renascem em bandas de meninos no Sul do Brasil

Há alguns anos, a "Ilustrada" usou o título "Escola do Rock" para falar de três destaques adolescentes: Mallu Magalhães, Stephanie Toth e a banda Pop Armada, todos fazendo músicas e shows de "gente grande" mesmo sem ter idade para frequentar bares e clubes em que tocavam.

A primeira virou estrela da nova MPB, a segunda tocou no festival South by Southwest, ainda indie, e o grupo virou outro (Inky) e já abriu para o LCD Soundsystem.

Agora, sob o mesmo título, o "Folhateen" saúda a chegada à essa cena de bandas com adolescentes talentosíssimos. São as gaúchas Dis Moi e Garage Monsters e a curitibana Wack.

Dis Moi é a que foi "mais longe" dessas muito novas formações. Tocou no palco de crianças do Lollapalooza Brasil, em março. Mas já tem a promessa do festival paulistano de que em 2014 estará em um palco grande.

A banda foi formada pelo impressionante Erick Endres, gaúcho de Porto Alegre que tem ascendência francesa no sobrenome e no nome da banda, que em português significa "Diga-me".

Aos 15, é um verdadeiro "guitar hero". Jack White e John Frusciante (ex-Red Hot Chili Peppers) são influências declaradas e isso não é mera citação. Com o instrumento na mão, porta-se como os ídolos. Erick diz que toca desde os quatro anos, por causa do ambiente familiar. O pai é o DJ e produtor Fredi Chernobyl, conhecido na cena underground como integrante da banda Comunidade Nin-Jitsu e por trabalhar com o Bonde do Rolê.

Erick tem uma parceira na banda, Bela Leindecker, que canta com asas de anjo nos shows e tem voz rouca personalíssima. Tem 13 anos.

Segundo Bela, eles eram "coleguinhas de escola" e perderam o contato, mas depois que ela passou a postar vídeos no Youtube com músicas próprias, que a mãe gravava, reencontraram-se.

Os dois formaram a banda com amigos para participar de um concurso. Depois de alguns ensaios, descobriram que a competição era para maiores de 18 anos... Mas seguiram com a Dis Moi.

"Já me perguntaram se a relação com a música atrapalha meus estudos. Acho que é o contrário", diz Erick.

Você vê Dis Moi tocando o single "Forget", no soundcloud.com/dis-moi-band. E fazendo cover de "Level", do Racounteurs (de Jack White), em tinyurl.com/bk8xwlj.

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WACK
É a banda-projeto de um garoto de 17 anos, Ian Joe ("É assim, mesmo. Pode ver minha identidade. Sei lá, minha mãe gosta de nome gringo"), afeiçoado por um barulho distorcido de garagem. Não precisa dizer, ele canta em inglês de internet. Ian Joe começou o Wack sozinho, aos 13 anos, porque ninguém queria tocar com ele. Aí, gravou solitário o incrível EP "Bad Vibes Forever", de cinco músicas, fez a capa e soltou na internet. Depois, chamou a baixista Tami Taketani, também 17. O Wack então virou um "novo Sonic Youth": um garoto que solta do iPhone uma base pré-gravada de bateria e toca guitarra distorcida por cima e uma japonesa loira para acompanhar no baixo estourado. Para ouvir: www.facebook.com/wackx. (LR)

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GARAGE MONSTERS
Pode chamar o incrível Garage Monsters, de Porto Alegre, de "o novo Clash". Ou "o novo Libertines", porque, além do parentesco sonoro com o Clash, o GM se assemelha à banda de Carl Barat e Peter Doherty no aspecto "brodagem". O Garage Monsters é a banda de Nick, 16, vocal e guitarra, e Kim, 17, segunda voz e baixo. Eles se conhecem desde bebês. Para combinar música e escola, obedecem a uma regra: se vão à escola de manhã, podem ir ao estúdio à tarde. Nunca mais faltaram às aulas. Já abriram show do CJ Ramone ("Nosso primeiro cachê"). Fazem músicas e as lançam na internet. Confira no YouTube o clipe de "Twenty Three". Caseiro, mas emocionante. (LR)


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