A festa da volta para casa dos campeões do mundo foi completa. O roteiro não poderia ter sido melhor: sobrevoo do avião dos jogadores sobre a multidão de torcedores, desfile em carro aberto e a grande celebração com a taça da Copa do Mundo no tradicional Portão de Brandemburgo.
Durante a comemoração, porém, um fato irritou torcedores argentinos nas mídias sociais.
Ao entrar no palco montado em Berlim, um grupo de jogadores fez uma provocação aos argentinos. Agachados, cantaram "somos gaúchos e os gaúchos andam assim".
Depois, se levantaram para cantar "e os alemães andam assim", ou seja, de cabeça erguida.
"Gaúchos" é uma expressão usada não só para brasileiros nascidos no Rio Grande do Sul, mas também para argentinos e uruguaios.
O site da revista "Spiegel" diz que essa comemoração é normal entre torcedores locais quando um time ganha do outro.
DO AVIÃO PARA A PRAÇA
O avião desembarcou com uma hora de atraso em Berlim, por volta de 10h10 (5h10, horário de Brasília) desta terça-feira (15). Coube ao capitão Philipp Lahm ser o primeiro a descer, seguido pelos companheiros e o técnico Joachim Löw.
Pelas ruas de Berlim, percorreram um trajeto em caminhão aberto com referências às quatro conquistas de Copa na história alemã: 1954, 1974, 1990 e agora em 2014.
A cidade praticamente parou (o tempo ensolarado ajudou e muito). Três horas depois do desembarque, o ápice da festa: os campeões do mundo, com a taça na mão, se juntaram às 500 mil pessoas (segundo estimativas locais) em um palco montado no Portão de Brandemburgo.
Ao entrar no palco, alguns atletas, agachados, cantaram "somos gaúchos e os gaúchos andam assim".
A torcida, então, alucinou. "Obrigado [em português mesmo], fans [torcedores]", dizia uma das faixas seguradas pelos jogadores, que mais uma vez usaram a língua portuguesa para homenagear o Brasil pela sede da Copa.
Com bandeiras e camisas da Alemanha, os torcedores, entre eles muitas crianças, ocuparam 1,3 quilômetro do trecho entre Brandemburgo e o Obelisco da Vitória, um das principais vias turísticas da cidade.
"MADRUGANDO"
A maioria "madrugou" para arrumar um bom espaço para ver Schweinsteiger, Müller e outros ídolos.
Foi o caso da estudante Maggie Proschlag, 23, que chegou às 7h, seis horas antes da presença dos jogadores. "Não consigo descrever o que estou sentido. É um grande dia para todos nós", comemorava, assim como os amigos Justin Labes, 14, e Lukas Bicaw, 15, outros que amanheceram para festejar a conquista e recepcionar os atletas.
Desde às 8h, a cerveja rolava solta, como no domingo (13), onde no mesmo local 250 mil pessoas assistiram à vitória da Alemanha sobre a Argentina no Maracanã com o gol de Mario Götze –um dos nomes, aliás, que mais estampavam as camisas dos torcedores nesta terça em Berlim.
Muitos, aliás, viajaram horas de carro só para ver o que eles chamam de "geração de ouro" do futebol alemão.
"Valeu a pena, um dia histórico para a Alemanha", descrevia com euforia o estudante Marc Hasselach, 13, ao lado da mãe, Andrea, 46, da cidade de Düsserdoff.
É a quarta conquista da Alemanha e a primeira do país desde a reunificação, no fim de 1990. Há uma geração de jovens alemães com menos de 24 anos que, pela primeira vez, podem celebrar uma Copa do Mundo.
A final no Maracanã bateu o recorde de audiência da TV alemã. Ao todo, 34,6 milhões de pessoas assistiram ao jogo –86% das televisões ligadas.
O governo alemão anunciou ainda a impressão de 5 milhões de selos postais em homenagem à conquista no Maracanã.