Folha de S. Paulo


Na terra de Messi, torcida sofre mas celebra 'sentimento' pela equipe

Buzinaço, bandeiras tremulando em carros e nas mãos das pessoas a pé, pelas ruas, tambores sendo tocados com toda a força e vozes, muitas vozes, cantando que "o sentimento não pode parar".

Se minutos antes não fosse possível ouvir um silêncio que soprava na alma argentina, imaginar-se-ia o tricampeonato mundial conquistado por Lionel Messi no Maracanã.

Mas a cidade orgulhosa do seu filho camisa 10 da seleção não estava comemorando na noite deste domingo.

Ao se reunirem no Monumento à Bandeira após o jogo, os torcedores estavam celebrando o orgulho argentino que pulsava na cidade.

Berço da bandeira nacional, onde ela foi içada pela primeira vez em 1812, Rosário sofreu, calou, durante os mais de 120 minutos da decisão.

Como a prefeitura não instalou telões ou organizou festa na capital da província de Santa Fé (a cerca de 300 km da capital Buenos Aires), os torcedores reuniram-se em bares, restaurantes e casas.

A cidade explodiu e comemorou junto com Higuaín o gol anulado no primeiro tempo. Encheu-se de esperança a cada drible ou chute de Messi. Aplaudiu Romero a cada defesa. Sobretudo, sofreu, angustiada, até a prorrogação.

Os cerca de 150 torcedores que se apertavam em torno de uma pequena TV na praça em frente ao monumento de mais de 70 metros de altura se transformaram em milhares ao término da partida.

Aqueles poucos passaram 120 minutos olhando para uma tela com chuvisco, ouvindo gritos junto ao barulho do motor improvisado que manteve a imagem vinda do Rio à frente de seus olhos.

Mais da metade eram jovens, destes com cerca de 24 anos ou menos, que nunca tinham visto a Argentina em uma final de Copa.

O que talvez explique a paixão pela equipe de Messi, nascido e criado em um bairro pobre ali perto de onde cantavam música que faz referência à vitória sobre o Brasil em 1990.

Como naquela Copa, a Argentina não ganhou. Novamente perdeu a final para a Alemanha.

Mesmo assim, ainda que passem os anos, esta geração de argentinos já pode jurar que do Mundial de 2014 nunca vai se esquecer.


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