Folha de S. Paulo


Eliane Brum: Neymar, o carneiro

Eliane Brum/Folhapress
Neymar, o carneiro, perto do Castelão, em Fortaleza
Neymar, o carneiro, perto do Castelão, em Fortaleza

Tá fácil fazer selfie com Neymar Jr na entrada do Castelão. Seu Juvenal Ribeiro dos Santos, 70 anos, preparou seu carneiro para dia de gala. Logo de manhã ele tomou banho. "Com xampu, o mesmo que o meu." Qual? "O mais baratinho." Depois, Neymar Jr envergou a camisa 10. Veio trotando, em boa forma, ao lado da carrocinha do seu Juvenal.

É grande a concorrência na passarela. Dentro dela passam os torcedores com ingresso para o jogo Brasil x Colômbia. Do lado de fora fica seu Juvenal e o carneiro Neymar. E centenas de moradores tentando vender alguma coisa. O craque de quatro patas é o trunfo do seu Juvenal pra se destacar na multidão.

No último jogo, não cobrou nada pelas fotos. Agora um retrato com Neymar já tá valendo "2 real". "É pra ração, ele só come balanceada", explica, pra não acharem que é ganancioso. Por quatro reais dá pra fazer um selfie e comer um churrasquinho de frango ou porco do seu Juvenal. "É três real, mas se o cabra só tiver 2, vendo por 2 mesmo", explica seu Juvenal. "Não vou deixar ninguém com fome."

Neymar Jr fica ali, sentindo o cheiro da carne assando. Mas não do perigo. Antes dele, havia o carneiro Ceará. Virou churrasco no aniversário de 70 anos do seu Juvenal, em fevereiro. "Coisa boa demais", relembra seu Juvenal. Até o fim, Ceará não decepcionou. Neymar Junior estava com destino parecido programado para o Natal, mas Seu Juvenal andou se afeiçoando um bocadinho mais. "Acho que vou deixar ele viver mais uns anos", avalia. "Em casa somos só nós dois, eu na rede, ele no chão."

É dura a luta pela sobrevivência no lado de fora do Castelão.


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