Folha de S. Paulo


Moradores protestam no luxuoso condomínio da Granja Comary

O 'protesto' tinha insólitas palavras de ordem: "Ia, ia, ia, o condomínio tá em dia".

Foi assim que moradores e visitantes do condomínio da Granja Comary protestaram na tarde deste sábado (21) contra a presença da polícia. Eles queriam avançar alguns metros depois da barreira que separa as casas da área da CBF, para assistir ao treino da seleção, mesmo que do lado de fora da cerca.

Primeiro, venceram a disputa da ponte. "A ponte é nossa", afirmou Antônio Fusco, 56 anos, dono de uma construtora. "É área comum, nós que mantemos."

Eliane Brum/Folhapress
Antônio Fusco, 56 anos, durante protesto na Granja Comary
Antônio Fusco, 56 anos, durante 'protesto' na Granja Comary

A segurança recuou a barreira para trás da ponte. Os moradores, alguns com copo de cerveja na mão, estavam revoltados com o que consideraram um "ultraje".

"Estão tratando moradores como bandidos. Como assim, botar o Choque dentro de um condomínio que a TV diz que é de luxo? E nem é, aqui só tem empresário trabalhador", rebelou-se Fusco. "O Choque é para manifestação no centro do Rio. Aqui não tem nenhum baderneiro, só gente de bem", reclamou Rodrigo Vasconcelos, 34 anos, servidor público estadual.

Em represália, Fusco pretendia proibir Rodrigo Paiva, o diretor de comunicação da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), de correr ao redor do lago, onde quatro cisnes (R$ 6 mil o casal, segundo ele) e 140 marrecos deslizavam indiferentes. Mais para dentro, explicou, tem outro lago, com os marrecos mais caros, os "de Pequim".

O protesto continuou até o fim do treino. Alguns desistiam e abandonavam a linha de frente. Como um grupo de seis crianças, que saíram gritando: "Camarões, Camarões, Camarões".

Eliane Brum/Folhapress
Grupo de manifestantes protesta perto do centro de treinamento da seleção
Grupo de manifestantes protesta perto do centro de treinamento da seleção

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