Vejam esta maravilha de cenário. No primeiro dos cinco meses que vai pedalar pelas 12 sedes da Copa do Mundo, foi assim que o inglês Andy Smith, 35, pintou o Brasil.
Desde 18 de janeiro, quando começou a usar o asfalto como passarela dos 8.851 km de Porto Alegre até Manaus, o ex-gerente contábil descreve o país do Mundial em um blog, com textos, fotos e impressões de "uma maneira a ver e experimentar lugares ao invés de apenas passar por eles em um carro ou ônibus". E está "amando a simpatia e hospitalidade" do brasileiro.
"Eu quero entender o verdadeiro Brasil ao invés de simplesmente assumir as imagens estereotipadas", afirma Smudger, apelido britânico para Smith, à Folha.
Ele deixou o emprego em Londres ano passado com o dinheiro suficiente para percorrer o Brasil de Sul a Norte.
O sonho genial é chegar à capital do Amazonas em 12 de junho, dia da abertura da Copa e antevéspera da estreia da seleção inglesa, contra a Itália, na Arena Amazônia.
Smudger já alcançou um objetivo no país: ser sorteado pela Fifa –ou seja, comprar os ingressos– para assistir todos os jogos do time inglês.
Desde criança, o futebol emoldura o estilo de vida dele. Já o ciclismo é uma paixão dos últimos cinco anos.
Nessa aquarela, o inglês tem outra missão: arrecadar fundos para duas instituições que ajudam comunidades carentes (os projetos de educação e esporte da fundação Laureus e do Watford, time de sua terra natal para o qual torce). "Espero que meu esforço pedalando inspire as pessoas a doar", diz.
ROCK?!
Sobre a bicicleta e carregando mais 45 kg em equipamentos, o solteiro de 1,85 m e 80 kg já se surpreendeu algumas vezes nestas terras.
Na passagem pelo Sul, por exemplo, ele diz que precisou ver para crer na influência da cultura alemã sobre a região e em como muitas pessoas gostam mais de ouvir o "antigo rock britânico" do que samba (aliás, o site dele é o smudgersambacycle.org).
Lá o ciclista inglês também escreveu que esperava encontrar mais mulheres como a supermodelo gaúcha Gisele Bundchen em sua passagem por Santa Catarina.
Já o tom mais cinza na aventura até o momento ele percebeu em São Paulo. A viagem da capital paulista para Santos decidiu fazer de ônibus, porque foi alertado que o trajeto não seria seguro.
Outros dois trechos da viagem ele não fará pedalando, mas não por medo. De Cuiabá para Brasília irá de avião e de Fortaleza para Belém, de barco. "Falta de tempo" para concluir o plano, justifica.
Em São Paulo e no Rio, ele aproveitou os dias de descanso para assistir à derrota do Corinthians para o Bragantino (2 a 0) no Pacaembu e a vitória do Flamengo contra o Vasco (2 a 1), no Maracanã.
No estádio da final da Copa, notou que a arquibancada não estava lotada, segundo ele mesmo, porque era um campeonato regional, as torcidas têm medo de violência e o preço do ingresso era alto demais. "Mas foi incrível estar lá", descreveu.
Assim, seja hospedado em uma pousada seja convidado de alguma casa, conectado ao por meio de um tablet e um GPS, o inglês vai narrando cada episódio e pedalando ainda um pouco mais até se deparar com coqueirais, praias ou um estádio da Copa.
Editoria de Arte/Folhapress | ||