Folha de S. Paulo


Análise: Jogar em novembro no Qatar é mais tranquilo do que em Manaus em junho

Se a Fifa confirmar a realização da Copa de 2022 no inverno do Qatar, os cartolas dos grandes clubes europeus protestarão, mas os jogadores terão motivos para comemorar.

Além de conseguir fugir do calor mortal de até 50º C do verão do país árabe, eles vão encontrar nos campos de Doha temperaturas mais amenas do que em algumas cidades que vão receber os jogos do Mundial do Brasil neste ano.

Jogar em junho em Manaus, Cuiabá e Fortaleza, como Cristiano Ronaldo, Suárez e Rooney farão neste ano, será bem mais difícil do que no país de algumas das maiores reservas de petróleo e gás do mundo durante o período de "frio".

A partir de novembro, a temperatura média no Qatar é de 29º C. Em dezembro e janeiro, o clima "despenca" para menos de 25º C.

Em novembro de 2011, acompanhei a vitória da seleção de Mano Menezes diante do Egito, em Doha.

O amistoso foi disputado com temperatura amena, cerca de 25º C. Em ritmo de treino, a seleção venceu por 2 a 0. No final da partida, os torcedores, a maioria estrangeiros que moravam lá, vestiram casacos para segurar o frio das noites no deserto.

O jogo serviu como cartão de visita do Qatar para marcar o início da organização da sua Copa.

Além de mudar o calendário mundial para realizar o torneio num clima saudável para os atletas, o país tem outro gigantesco desafio para 2022: montar uma seleção convincente.

Com uma população pequena de nativos (cerca de 400 mil dos 1,8 milhão de habitantes), o Qatar realiza uma mega peneira mundial para formar um time competitivo para a disputa da competição daqui a oito anos.

Baseado no trabalho realizado pelo Barcelona nas categorias de base, o programa, que mescla esporte com educação, já testou mais de 2 milhões de jovens em países na América Latina, na Ásia e na África. Só o tempo dirá se o projeto dará certo em 2022.


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