Prorrogação, pênalti adverso defendido, sufoco do adversário e o volante "bom" que ataca em papel decisivo. Este jogo contra o Uruguai, mais até do que o último, com a Itália, não só botou o Brasil numa final no Maracanã como resgatou em campo, em parte, o tamanho que sua camisa e seus títulos têm. Mas, em meio à euforia do resultado, vale notar que esse "em parte" é que continua sendo o grande problema.
Com seu time de atacantes respeitáveis (mais o "coringa" Hulk), o Brasil esbarrou no ferrolho uruguaio e não conseguiu impor sua pressão inicial, eficiente nos três jogos contra escolas variadas: a asiática (Japão), a americana da parte de cima (México) e a europeia (a Itália).
Contra o selecionado americano mais bem-sucedido dos últimos anos, Neymar era barrado na marcação, Oscar e Fred eram engolidos pela muralha uruguaia de dez homens marcando na intermediária e Hulk trombava sem efeitos positivos.
Com a saída de bola ruim, o Brasil foi ficando exposto. Até que o mais sobrecarregado do esquema, o "desobediente" Paulinho, tentou não só destruir e fez grande lançamento para Neymar na área, lance que resultou no gol de Fred, alívio que veio apenas no final do primeiro tempo.
Parece óbvio, mas para o Brasil nunca é. A inteligência, contra um time tão cerrado, tem que vir do meio-campo. Veio com um volante.
Com o empate uruguaio logo na volta do intervalo, o drama continuava vendo o aplicado vizinho mordendo a bola atrás e oferecendo cada vez mais perigo nos contra-ataques com seu forte ataque.
Se não é o misto de sorte com a inteligência de Scolari, em botar um ídolo mineiro para trazer a torcida mais para junto, o Brasil poderia não ter saído de campo bem-sucedido. Bernard incendiou o jogo de um selecionado sem muita expressão tática. Porque o time parece somente um punhado de bons jogadores em campo, esperando a individualidade prevalecer.
Mas aí veio, de novo, o volante bom que ataca para salvar tudo. E Paulinho foi decisivo outra vez. De novo e outra vez, vale a repetição.
Como agora dá para vislumbrar uma final contra a Espanha, se a Itália não se superar de novo e outra vez, vai ser interessante ver um confronto Paulinho contra Xavi e Iniesta. Esse sim vai ser o teste real para o Brasil.
PS: Um insight momentâneo bobo. Gol do Fred numa jogada de Paulinho e Neymar. Gol de Paulinho em cruzamento de Neymar. Todos jogadores "brasileiros", enquanto Paulinho e Neymar não estrearem na Europa. Já lá atrás, um pênalti besta e uma bobeada feia de nossa zaga, toda ela "europeia". Desse jeito como fica nossa decantada ideia de que jogador brasileiro precisa jogar na Europa em busca de desenvolvimento?