Folha de S. Paulo


Futuro de Del Nero será definido por órgão reformulado por Infantino

Banido provisoriamente pela Fifa por 90 dias, Marco Polo del Nero será julgado por cinco jurados no Comitê de Ética da Fifa caso o presidente da câmara de julgamentos do Comitê de Ética da Fifa, Vasilios Skouris, dê seguimento ao processo e marque o julgamento, que será realizado a portas fechadas.

Se isso ocorrer, o cartola brasileiro terá seu futuro definido por um órgão que foi completamente reformulado na gestão Gianni Infantino, que assumiu a federação internacional em fevereiro de 2016.

A câmara que poderá julgá-lo é composta por seis membros. Um deles, porém, o ex-presidente do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) Flávio Zveiter não poderá votar por ser brasileiro.

Os outros integrantes são Jack Kariko (Papua Nova Guiné), Mohammad Ali Al Kamali (Emirados Árabes Unidos), Margarita Echeverria (Costa Rica), Ayotunde Phillips (Nigéria) e Aivar Pohlak (Estônia). Todos eles assumiram o posto durante a gestão na Fifa do atual presidente da Fifa, que assumiu após eleição convocada depois da saída de Joseph Blatter.

Caso haja empate, o voto de minerva ficará a cargo de Vasilios Skouris.

"Ainda não dá para estimar uma data para que o julgamento ocorra. Pode ser feito ainda dentro destes 135 dias que é o máximo da suspensão provisória ou depois. Mas acredito em uma definição antes do início da Copa do Mundo [em 14 de junho]", afirmou à Folha Eduardo Carlezzo, advogado especializado em direito esportivo internacional.

"O que acontecer no julgamento que ocorre nos Estados Unidos [do Fifagate] pode influenciar na velocidade deste processo, uma vez que novas provas e evidências apareçam. Incluisve, muito do que já aconteceu neste julgamento foi o que levou o Comitê de Ética a aplicar esta suspensão provisória", completou Carlezzo.

Caso o processo tenha sequência e se chegue ao julgamento, Del Nero - que não sai do país desde 2015 - não precisará ir pessoalmente à Suíça para se defender. Seus advogados poderão enviar os documentos à câmara ou irem ao tribunal para apresentar os argumentos. Há também a possibilidade realização de tele ou vídeo-conferência.

Nesta sexta-feira (15), Del Nero recebeu uma suspensão provisória de 90 dias, com possibilidade de prorrogação por mais 45.

Após receber a notificação da suspensão, o presidente tem dois dias para apresentar um recurso no Comitê de Apelação da Fifa, ou seja, na próxima terça-feira (19). Este recurso, entretanto, não vale como efeito suspensivo. Durante este tempo, seguirão as investigações por parte do Comitê.

OUTRO LADO

Em nota, Del Nero negou ter recebido propina e destacou que todos os contratos considerados suspeitos pela Justiça americana foram assinados antes de 2015, quando o dirigente assumiu o comando da CBF. Ele, no entanto, não comentou nada a respeito da punição imposta pelo comitê de ética da Fifa.

"A tentativa de réus e delatores se livrarem de acusações que lhe são dirigidas através do expediente corriqueiro de atribuir a terceiros inocentes a prática da infração em troca de benesses processuais é comum nos tribunais e não pode ser aceita como verdade absoluta", afirmou Del Nero, em referências as acusações feitas por delatores e pelos advogados de José Maria Marin contra ele durante o julgamento.

"Meus advogados requererão, no momento processualmente adequado, o arquivamento dessas graciosas especulações investigativas e a adoção das contramedidas cabíveis", afirmou.


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