Folha de S. Paulo


Testemunha diz que cartola usou propina para contratar David Guetta

Felipe Dana - 13.set.2013/Associated Press
David Guetta durante apresentação no Rock in Rio de 2013
David Guetta durante apresentação no Rock in Rio de 2013

O julgamento do escândalo de corrupção da Fifa, em sua terceira semana em Nova York, tem revelado elos curiosos com o mundo do entretenimento –sobrou até para o DJ francês David Guetta.

Este que é um dos maiores astros da música eletrônica teria feito um show no Equador bancado com propina recebida por Luis Chiriboga, ex-chefe de futebol daquele país, que está agora na prisão.

Também teriam se apresentado –financiados por verbas ilegais– a banda Los Enanitos Verdes, além de cantores como o venezuelano José Luis Rodríguez e o dominicano Juan Luis Guerra.

José Luis Chiriboga, filho do cartola equatoriano, disse à Corte de Justiça do Brooklyn que recebeu US$ 2,8 milhões da empresa argentina Full Play em nome do pai.

Os pagamentos relativos aos direitos de transmissão da Copa América, da Libertadores da América e da Copa Sul-Americana foram realizados entre 2009 e 2014. As remessas foram destinadas a contas da testemunha no banco Biscayne, em Miami, e depois em agências dos bancos Chase e HSBC, também na mesma cidade americana.

Chiriboga, o filho, também contou aos jurados que a compra dos direitos de transmissão dos jogos do Equador foi o primeiro passo da Full Play em sua estratégia de expansão internacional, parte de uma parceria com a Torneos y Competencias, de Alejandro Burzaco, de dominar o negócio do futebol na América do Sul e fazer frente à brasileira Traffic, líder na região.

"Sei que fiz parte de um sistema", disse a testemunha. "E sei que outros países fizeram parte desse sistema", afirmou, em referência aos cartolas de Paraguai, Bolívia, Venezuela, Peru e Colômbia.

"Todos esses rostos são familiares", disse Chiriboga, sobre Juan Ángel Napout, ex-presidente da Conmebol, e Manuel Burga, ex-chefe do futebol peruano, também réus do escândalo da Fifa.

Ele, no entanto, não foi indiciado, como parte de seu acordo com a Justiça americana. Chiriboga só teve de entregar às autoridades dos Estados Unidos um apartamento de US$ 400 mil que comprou em Miami com o dinheiro que recebeu por seu pai.


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