Folha de S. Paulo


Chapecoense não foi negligente ao contratar LaMia, diz Procuradoria

Matt Varley/Reuters
Avião da LaMia que caiu com a equipe da Chapecoense a bordo
Avião da LaMia que caiu com a equipe da Chapecoense a bordo

Inquérito civil do Ministério Público Federal (MPF) concluiu nesta quinta-feira (26) que a Chapecoense não foi negligente ao contratar a empresa LaMia para fazer o transporte do time para Medellín, na Colômbia. O avião da companhia aérea caiu poucos quilômetros antes de chegar ao seu destino final, em 29 de novembro de 2016, matando 71 pessoas, incluindo jogadores, membros da comissão técnica e dirigentes do clube.

"Não se identificou qualquer conduta negligente ou imprudente por parte dos dirigentes da Associação Chapecoense de Futebol que efetivaram a contratação da empresa LaMia. Além disso, não surgiu qualquer elemento que indicasse ter havido pagamento de valor indevido ou outro interesse escuso na contratação da empresa aérea", diz a nota à imprensa divulgada pelo MPF.

As investigações tiveram início em dezembro de 2016, após reunião em Santa Cruz de la Sierra com membros do Ministério Público da Bolívia e da Colômbia. Além de identificar possíveis culpados nos países vizinhos, o objetivo era verificar se houve envolvimento de brasileiros no acidente.

De acordo com o comunicado, não existem evidências de que algum brasileiro tenha responsabilidade sobre a tragédia, cuja principal causa apontada pelo inquérito ainda é a falta de combustível. A análise conduzida pelo Grupo de Investigação de Acidentes Aéreos (Griaa), porém, ainda não foi encerrada.

O MPF, no entanto, constatou indícios de possíveis irregularidades na autorização expedida pela Agência Nacional de Avião Civil, a Anac, em voos contratados pela AFA para a seleção argentina de futebol.

Duas semanas antes do acidente com a Chapecoense, Messi e companhia voaram na mesma aeronave da LaMia. O destino em questão era a cidade de Belo Horizonte, onde a Argentina enfrentou o Brasil pelas eliminatórias da Copa do Mundo.

Além disso, a investigação obteve elementos que mostram possíveis fragilidades no sistema de autorização de voos fretados pela agência. Já foram expedidos ofícios à Anac, ao Tribunal de Contas da União e à Secretaria Nacional de Avião Civil, que devem adotar as medidas cabíveis em suas esferas de atribuição.

A Procuradoria da República no Distrito Federal receberá uma cópia integral dos autos. Os familiares das vítimas e demais pessoas com interesse jurídico podem requisitar uma versão em mídia digital, mediante a assinatura do termo de compromisso de não-divulgação de imagens e fotos que possam gerar comoção ou prejuízo de ordem moral à memória dos 71 mortos e seis sobreviventes.

Acidente em voo da Chapecoense


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