Folha de S. Paulo


Comitê Olímpico do Brasil chama confederações para discutir crise

Glaucon Fernandes - 10.ago.2016/Eleven/Folhapress
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil, 10 de agosto de 2016 - RJ â?? JOGO RIO 2016 JUDÃ? MASCULINO CATEGORIA 90KG. O judoca brasileiro Tiago Camilo enfrentando o judoca do Azerbaijão Mammadali Mehdiyev nas oitavas de final do Judô categoria 90kg. Foto: Glaucon Fernandes/Eleven *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
O judoca Tiago Camilo, presidente da comissão de atletas do COB

O COB (Comitê Olímpico do Brasil) marcou para a próxima quarta-feira (11), às 14h30, no Rio, uma assembleia geral extraordinária para discutir a prisão de seu presidente, Carlos Arthur Nuzman.

No momento, a entidade é comandada interinamente pelovice de Nuzman, Paulo Wanderley Teixeira.

Também será tema da sessão a suspensão imposta pelo COI (Comitê Olímpico Internacional), que congelou repasses ao órgão brasileiro.

Participarão do encontro presidentes das quase 30 confederações esportivas associadas ao COB e a cúpula do comitê. Até a noite desta sexta, os mandatários de confederação ainda não havia recebido a pauta da assembleia.

A agenda obscura pode dar margem a interpretações. Diferentemente de reuniões de trabalho, uma assembleia geral tem função deliberatória, ou seja, de tomar decisões.

Nesse contexto, poderia caber um afastamento de Nuzman, por exemplo.

Alguns esportistas criticaram o cartola, como a nadadora Joanna Maranhão.

"Nuzman foi presidente por 22 anos, antes disso presidiu a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), alguém se diz surpreso?", questionou. Para ela, "nada vai mudar se os atletas não tomarem a frente coletivamente".

Para o velejador Lars Grael, membro do Conselho Nacional de Esportes, o importante agora é preservar os interesses do atleta brasileiro.

"É o momento para se debater uma nova ordem para o esporte no país. A adoção de iniciativas para se aprimorar o modelo de governança do esporte torna-se fundamental para a recuperação da credibilidade do sistema."

O ex-nadador Gustavo Borges afirma que o momento é "delicado". Para ele, como as instituições "são maiores do que as pessoas" é preciso investir em governança adequada, para que a gestão esportiva no país se desenvolva.

Medalhista olímpico, Borges assinou um manifesto divulgado pela ONG Atletas pelo Brasil nesta sexta-feira (6).

"Acima de tudo, exigimos muito mais respeito e cuidado com tudo que envolve o tema esporte no Brasil. As denúncias que mancham o nome do esporte e de suas instituições devem ser investigadas com profundidade e responsabilidade", diz o texto.

TRANSPARÊNCIA

A comissão de atletas do COB, que tem o judoca Tiago Camilo como presidente, emitiu uma carta para "expressar total apoio às operações que buscam transparência na gestão das entidades esportivas".

"Gostaríamos também que fosse separada a instituição (COB) do senhor Carlos Arthur Nuzman e que fique a cargo da Polícia Federal e Justiça brasileira fazerem toda denúncia, investigação e condenação de seus atos praticados", afirma a nota.

Marco Aurélio Sá Ribeiro, presidente da Confederação Brasileira de Vela, teme que o investimento no esporte seja afetado. A posição da confederação de vela, segundo Ribeiro, é em defesa das instituições. "Precisam ser preservados os programas aprovados para este ano, com os recursos da Lei Piva. A preocupação é que o esporte não sofra uma paralisia", continua.


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