Folha de S. Paulo


Membro mais antigo do COI, Dick Pound cobra afastamento de Nuzman

Ian Cheibub/Folhapress
PF prende presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e do comitê organizador da Rio-16
PF prende presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e do comitê organizador da Rio-16

Ex-vice-presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional) e seu mais antigo membro, o canadense Richard Pound, 75, afirmou à Folha que a entidade deve afastar Carlos Arthur Nuzman, preso nesta quinta-feira (5) pela Polícia Federal.

Pound, que presidiu a Wada (Agência Mundial Antidoping) entre 1999 e 2007, disse que o COI tem "o dever de proteger a si e sua própria reputação" diante de um "caso seríssimo" como o que envolve o cartola brasileira.

"Um membro honorário do COI, como é o caso de Nuzman, ser preso por conduta criminosa é um problema sério. O COI deve fazer o que fez com [Lamine] Diack", afirmou o canadense, comumente chamado de Dick Pound.

Ele também citou o ex-velocista e membro do COI Frank Fredericks, que se afastou da presidência do comitê de avaliação das candidaturas após ser ligado a esquema de compra de votos para os Jogos de 2016 e 2020.

O senegalês Lamine Diack, que chefiou a IAAF (Associação das Federações Internacionais de Atletismo) por 16 anos, também foi membro do COI. Acabou renunciando em 2015, depois de ter sua expulsão recomendada pela comissão de ética do COI por acobertar casos de doping e ser acusado de corrupção –ele está preso atualmente na França.

Diack está no epicentro do caso que envolve Nuzman. Lamine e seu filho, Papa Massata, teriam recebido propina paga pelo empresário brasileiro Arthur Soares de Menezes para influenciar membros africanos do COI a votar no Rio na corrida para os Jogos Olímpicos de 2016.

Nuzman é suspeito de ter atuado como intermediador na negociação, segundo autoridades brasileiras e francesas.

Para Pound, o COI e sua comissão de ética precisam agir rapidamente na decisão sobre o cartola brasileiro. Em reunião realizada no mês passado, em Lima, o comitê olímpico elegeu o ex-secretário-geral da ONU Ban Ki-moon como chefe da comissão.

"O COI tem de agir conforme seus interesses, e isso não quer dizer que tem que esperar até saber se haverá a condenação ou não de Nuzman. É isso o que o COI tem que fazer agora. Não importa como será a investigação", complementou.

O canadense, que foi nadador olímpico, é membro do comitê olímpico desde 1978, e na entidade foi responsável por negociar contratos de TV. Os direitos de transmissão são a principal fonte de receita do COI.

No período em que foi mais influente no órgão, ele lidou com um escândalo de corrupção de compra de votos para os Jogos de Inverno de Salt Lake City, que estourou em novembro de 1998. Dez membros do COI foram expulsos e outros dez levaram sanções.

"Em 1998, alguns dos membros nem mesmo haviam sido acusados formalmente, mas mesmo assim os punimos. Agora é preciso fazer o mesmo", concluiu.


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