Folha de S. Paulo


NBA mantém regra para coibir protestos durante o hino nacional

Ben Margot - 11.mar.2016/Associated Press
Golden State Warriors' Stephen Curry celebrates a score against the Portland Trail Blazers during the first half of an NBA basketball game Friday, March 11, 2016, in Oakland, Calif. (AP Photo/Ben Margot) ORG XMIT: OAS103
O armador Stephen Curry, do Golden State Warriors

Adam Silver, comissário da NBA, a principal liga de basquete profissional dos Estados Unidos, disse que organização seguirá exigindo que os jogadores se levantem para ouvir a execução do hino nacional antes das partidas, na temporada que começa neste mês de outubro.

"Sempre foi uma chance para que os times se unam e tenham um momento de reflexão", disse Silver. "É uma questão de respeito pelos princípios que embasam este país. Não significa que todo mundo concorde sobre o que está acontecendo."

Silver, que falou ao final de uma reunião entre os proprietários das franquias da liga, mencionou uma norma já antiga para justificar a decisão.

A despeito dessa norma, a liga sempre foi muito elogiada por ser a mais progressista das organizações de esporte profissional dos Estados Unidos em termos sociais.

A NBA ainda não teve de encarar reações adversas como que as que a liga de futebol americano, a NFL, está enfrentando após ser atacada na semana passada pelo presidente Donald Trump por permitir que jogadores se ajoelhem ou fiquem sentados durante a execução do hino.

Mas, com o início da temporada da NBA a apenas algumas semanas de distância, e alguns de seus maiores astros, entre os quais o ala LeBron James, do Cleveland Cavaliers, criticando abertamente o presidente e suas políticas, Silver pode ter de decidir se punirá jogadores por violarem as regras da liga.

"Tudo que posso dizer é que, se isso acontecer, lidaremos com a situação quando acontecer", disse.

IMPASSE

Durante a semana passada, Trump retirou o convite ao Golden State Warriors, atual campeão da NBA, para uma visita à Casa Branca depois que Stephen Curry, um dos astros do time, disse a repórteres que preferiria não ir.

Depois daquela reação de Trump, LeBron James chamou o presidente de "vagabundo" no Twitter.

Informado sobre a decisão do presidente, Silver declarou em comunicado que defendia a visita do Warriors à Casa Branca. Ele a definiu como uma "rara oportunidade para que os jogadores expressem suas opiniões diretamente ao presidente".

Na quinta-feira (28), Silver elogiou os jogadores da liga por seu ativismo social e seus esforços para ajudar a comunidade. Também descreveu a "liberdade de expressão" como um dos princípios centrais dos EUA, enquanto reiterava a norma já antiga da liga sobre o hino nacional.

"Minha esperança, porém, é que os jogadores da NBA, dada a plataforma de que dispõem, seja no contato regular que têm com a imprensa, seja na mídia social, seja por meio de outras oportunidades que eles têm de trabalhar em suas comunidades, tenham a oportunidade de fazer com que suas vozes sejam ouvidas e que possam agir de acordo com o que dizem", afirmou o comissário.

NOVAS REGRAS

A partir desta temporada, os times estão proibidos de poupar seus principais jogadores se eles estiverem saudáveis em jogos importantes e com transmissão em rede nacional de TV.

Qualquer violação da nova norma resultará em multa de pelo menos US$ 100 mil (R$ 317 mil). Ainda haverá recomendação para que os times deixem de poupar diversos jogadores importantes em um mesmo jogo ou de poupá-los em jogos fora de casa.

"Minha esperança é que os times percebam por conta própria que têm uma obrigação maior para com os torcedores, a comunidade do basquete", disse Silver. "Temos de colocar nosso melhor produto em quadra."

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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