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Conselheiro pede afastamento de presidente do Corinthians na Justiça

Avener Prado/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 20-02-2017: Roberto de Andrade, presidente do Corinthians. Conselho do Corinthians vota o afastamento do presidente do clube, Roberto de Andrade, nesta segunda-feira (20). (Foto: Avener Prado/Folhapress, COTIDIANO) Código do Fotógrafo: 20516 ***EXCLUSIVO FOLHA***
O presidente do Corinthians, Roberto de Andrade, não pode se candidatar à reeleição

Em processo que tramita no Fórum Regional do Tatuapé, em São Paulo, o conselheiro do Corinthians, Romeu Tuma Júnior, acusa a diretoria executiva e o presidente do conselho deliberativo, Guilherme Strenger, de irregularidades na aprovação das contas de 2016 no clube.

No processo, que a Folha teve acesso, Tuma pede o afastamento temporário do presidente Roberto de Andrade e a anulação da reunião do conselho que aprovou o balanço financeiro.

O conselheiro afirma também que o Corinthians não cumpriu o Profut (lei que possibilitou o parcelameno da dívida com a União) ao não disponibilizar o balanço no site do clube no prazo legal. Anexou uma ata notarial, feita no 4º Tabelião de Notas de São Paulo, para provar isso.

Na última segunda (25), horas antes de reunião do conselho, Tuma pediu a concessão de uma liminar. Queria que a ata do encontro que aprovou as contas não pudesse ser lida e votada. A solicitação foi negada, mas o processo começou a tramitar.

Tuma lançou candidatura à presidência no mês passado. A eleição será em fevereiro do próximo ano. Isso fez com que aliados de Roberto de Andrade o acusassem de motivos políticos para fazer a reclamação. Ele nega.

A aprovação das contas da atual gestão teve 11 irregularidades, segundo a ação.

A rejeição do balanço financeiro seria motivo para afastamento de Roberto de Andrade, de acordo com o estatuto do Corinthians.

Tuma alega que as contas recebidas pelos conselheiros para a análise e o parecer lido na reunião do conselho são diferentes da versão final, publicada em jornais de São Paulo e no site do clube.

Em e-mail de 22 de junho, o presidente do conselho deliberativo, Guilherme Strenger, reconhece que as demonstrações financeiras enviadas aos conselheiros, quando comparadas com o que foi publicado, "apresentam algumas diferenças, totalmente imateriais, reflexo de arredondamentos."

A versão final publicada do balanço de 2016 é mais extensa e detalhada a recebida pelos conselheiros, que continha duas páginas.

Entre as irregularidades apontadas no processo está que o edital de convocação não continha a análise do relatório de Roberto de Andrade, um item obrigatório segundo as regras do clube.

A ação aberta por Tuma diz que a mesa diretora do conselho considerou a aprovação das contas como um aval ao relatório de Andrade, que não foi apresentado. Isso fez com que conselheiros votassem algo que "não existia". Além disso, a publicação do balanço em jornais e no site do clube contém "informações ideologicamente falsas".

O parecer do conselho fiscal foi emitido e enviado apenas minutos antes da reunião que aprovou as contas. O CORI (Conselho de Orientação) teve de emitir análise sem ter conhecimento das avaliações do conselho fiscal.

"Os elementos ofertados pelo presidente do conselho deliberativo para exame, votação e aprovação das contas contêm vícios insanáveis, só agora conhecidos", diz o texto do processo.

A ação contém cópia de e-mail de Antonio Jurado Luque, membro do conselho fiscal. Enviado em 24 de março, ele comunica Strenger que não houve reunião para elaborar parecer sobre o projeto orçamentário porque os conselheiros foram expulsos da sala Antonio Jorge Rachid, secretário da diretoria.

OUTRO LADO

O diretor jurídico do Corinthians, Luiz Alberto Bussab, afirmou que a diretoria tem consciência da existência do processo aberto por Tuma. Mas disse que o presidente Roberto de Andrade não tem motivo para preocupação.

"Quando chegar a hora, vamos preparar a nossa defesa. Temos absoluta convicção de que a reunião foi legal e legítima. O próprio pedido de liminar feito inicialmente foi negado", disse Bussab.

O presidente do conselho deliberativo, Guilherme Strenger, não quis se pronunciar sobre o assunto.


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