Folha de S. Paulo


Sem holofotes, Vanderlei tenta colocar o Santos na semifinal da Libertadores

Ivan Storti/Santos FC
Santos Futebol ClubeVanderleiFoto: Ivan Storti/Santos FCgoleiro Vanderlei, jogador do Santos
Vanderlei faz defesa durante treino do Santos, no CT Rei Pelé

Vanderlei, 33, foi procurado pelos departamento de comunicação e marketing do Santos. Ouviu conselhos. Por que não dar mais entrevistas? Aparecer mais na mídia? Ser mais simpático? Quem não é visto, não é lembrado. Fazer tudo isso aumentaria suas chances de enfim ser chamado para a seleção brasileira.

O goleiro ouviu tudo o que tinham a dizer e recusou. Afirmou que alcançaria todos os seus objetivos com o seu trabalho e as defesas que faz em campo. Vanderlei acredita na meritocracia. Se merece, estará em breve na seleção.

Longe dos microfones e sem exaltar a própria atuação nem nos melhores dias, ele tenta colocar o Santos nas semifinais da Libertadores.

Nesta quarta (20), às 21h45, contra o Barcelona do Equador, na Vila Belmiro, a equipe do técnico Levir Culpi deposita esperanças em seu camisa 1 para se classificar.

Basta não sofrer gols. O empate por 1 a 1 em Guayaquil semana passada dá ao time paulista a vantagem de ficar no 0 a 0. Ter Vanderlei, discreto e eficiente, faz com que a missão se torne mais provável.

Observado por Taffarel, preparador de goleiros da seleção, ele ainda espera chance no time de Tite. O jogador vive a melhor fase da carreira comprovada em números.

No torneio nacional, por exemplo, os rivais precisaram acertar em média 7,4 chutes para fazer um gol no santista. O índice só não é melhor do que os do Corinthians, que tem Cássio no gol. Na Libertadores, a média é um pouco pior, 5,3, de acordo com informações do Footstats.

Obcecado pela perfeição, Vanderlei conseguiu evoluir desde a chegada ao clube, em janeiro de 2015, após oito anos no Coritiba. Pouco familiarizado em jogar com os pés, passou por uma espécie de reciclagem na Vila Belmiro.

"É atleta que assimila facilmente tudo o que é passado. Trabalhamos o domínio à exaustão, para atingir a perfeição nesse fundamento. Dominando bem é possível passar bem", disse Arzul, preparador de goleiros do Santos.

O trabalho deu resultado. De acordo com o levantamento realizado pelo analista de desempenho do clube, Lucas Matheus, o goleiro passou, em média, de apenas oito participações com os pés com a bola em jogo para até 33 em 2017.

"Ele é curioso com análises, se mostra interessado. Questiona", diz Matheus.

Introvertido, Vanderlei passa muitas vezes uma imagem fechada com o semblante sério e de poucas palavras. Nos vestiários e concentrações, no entanto, o atleta arrisca brincadeiras e surpreende aos funcionários pela personalidade simples.

"Ele sempre foi desse jeito. A verdade é que é muito linear, não tem altos e baixos, nem no relacionamento e tão pouco no rendimento", disse o técnico Amauri Knevitz, que trabalhou com ele na campanha surpreendente que conduziu o Paravaí ao título paranaense, em 2007.

"Ele sempre foi um cara centrado e dedicado, talvez por isso confundam por não brincar tanto.", disse o ex-zagueiro Rodrigo de Lazzari, companheiro de Paranavaí.


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