Folha de S. Paulo


Um ano após invasão violenta, São Paulo abre CT a organizadas

Érico Leonan/saopaulofc.net/Divulgação
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Time de Dorival Júnior teve de receber torcedores antes de treino

Há pouco mais de ano, Henrique Gomes, conhecido como Baby, presidente da Torcida Tricolor Independente, liderou a invasão do centro de treinamento do São Paulo, em 27 de agosto de 2016.

Nesta quarta-feira (13), 382 dias depois, a diretoria do clube convidou ele e outros grupos de torcedores para uma reunião com jogadores, diretoria e comissão técnica do time, que está na zona de rebaixamento do Brasileiro.

Os dois episódios expõem o histórico de idas e vindas da relação da gestão de Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, com as maiores torcidas organizadas do clube.

Em janeiro de 2016, à Folha, com três meses de gestão, o cartola admitiu que dava apoio a esses grupos com ingressos e dinheiro para fomentar escolas de samba.

"Não tem como não conviver com elas", afirmou. "Isso é histórico de dar uma verba para eles no Carnaval. Você tem que dar ingresso para eles e eles vão no jogo."

Seis meses depois, em 7 de julho, o presidente anunciou ruptura quando a Polícia Militar registrou atos de violência e confusão generalizada por parte de seus integrantes nos arredores do Morumbi. Em campo, o time havia perdido por 2 a 0 pelo Atlético Nacional, da Colômbia, pela semifinal da Libertadores.

"O São Paulo manifesta seu veemente repúdio aos episódios. Relatos e imagens deixam evidente a associação entre os atos lamentáveis e membros identificados de torcidas organizadas", disse um comunicado do clube. "O São Paulo formaliza que não vai manter mais nenhum tipo de relação com as organizadas, em qualquer aspecto."

Em 27 de agosto, 50 dias depois, aconteceu a invasão do CT por dezenas de são-paulinos, pelo portão da frente, à força. Atletas foram intimidados e atacados.

Na ocasião, o clube respondeu com nova nota contrariada, na qual alegou que os invasores teriam sido usados "como massa de manobra de pessoas interessadas em desestabilizar" a instituição.

O São Paulo afirma que atualmente não há mais nenhum tipo de apoio às organizadas.

REUNIÃO

O encontro desta quarta foi realizado após articulação da diretoria com diferentes grupos de torcedores. Esses setores formaram, então, comissão mista, com membros de organizadas e um coletivo de sócios-torcedores e torcedores comuns. O grupo de visitantes teve cerca de 30 pessoas e entrou no centro de treinamento no final da manhã desta quarta.

Num dos gramados do CT, eles estiveram com jogadores, comissão técnica, diretores e o presidente Leco, que foi um dos interlocutores.

Hoje membro do Conselho de Administração do clube, o ex-jogador e ídolo Raí também foi chamado.

Pelos atletas, falaram o zagueiro Diego Lugano e o meio-campista Hernanes.

O técnico Dorival Júnior também se pronunciou. Pediu união e se disse confiante em uma reação da equipe no Brasileiro.

Houve um pacto para que os envolvidos não expusessem detalhes da reunião.

Entre diretores, a ideia é que o encontro pode conter eventual ebulição das arquibancadas em meio à má fase do time, penúltimo colocado do Nacional. O São Paulo tem a segunda maior média de público, com são 32.411 pagantes por jogo, atrás apenas do líder Corinthias.

Os torcedores saíram do CT em silêncio, por um portão alternativo. Em redes sociais, a Independente se pronunciou. "Certo ou errado, existiu uma linha de diálogo coletivo, com opiniões de ambos os lados. Era nossa proposta inicial", diz a nota. "Os jogadores demonstraram a vergonha que todos estão passando no dia a dia."

São Paulo abre CT para reunião com torcida


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