Folha de S. Paulo


Após apaziguar Santos, Levir Culpi põe à prova boa fase na Libertadores

SantosFC/Divulgação
Levir Culpi durante entrevista
Levir Culpi durante entrevista

Aos 64 anos, Levir Culpi repete com frequência que o futebol é simples. "É atacar e defender", explica. A filosofia de jogo sem grandes elucubrações somada ao seu estilo boa-praça tem dado certo no Santos, que já alcançou com o treinador a terceira maior invencibilidade deste século. A equipe não perde há 16 jogos —nove vitórias e sete empates, 70,8% de aproveitamento.

"Isso é só uma estatística. Não tomamos decisões por números isolados, só dentro de um contexto. O Levir era exatamente o que procurávamos no momento", afirma o presidente santista, Modesto Roma Júnior, à Folha.

De acordo com dados da Assophis (Associação de Historiadores e Pesquisadores do Santos FC), Levir já igualou a marca construída por Vanderlei Luxemburgo, em 2006, a segunda melhor desde 2001. O atual técnico do Sport ainda detém a principal série invicta no século: 18 jogos, entre fevereiro e abril de 2007.

A maior invencibilidade da história de um técnico santista ainda está distante, mas não é inalcançável, de Jair da Rosa Pinto, com 25 partidas sem perder em 1972.

Nesta quarta (13), às 21h45 (de Brasília), diante do Barcelona (EQU), fora de casa, pelo primeiro jogo das quartas de final da Libertadores, Levir põe à prova um time embalado pela vitória por 2 a 0 contra o Corinthians, mas, principalmente, reorganizado dentro e fora de campo.

Para vislumbrar recordes pela equipe, Levir restaurou a confiança dos jogadores com sinceridade e atitudes pouco convencionais.

Sem muito tempo para treinar quando chegou ao clube, em 13 de junho, para substituir Dorival Júnior, tentou acertou a equipe na base de conversas. Lembrava causos da sua carreira e até mesmo contava piadas para deixar o ambiente no clube mais leve.

Chegou a dizer ironicamente, por exemplo, que ficou decepcionado por ver a torcida santista aplaudir um argentino, o meia Emiliano Vecchio, na vitória por 3 a 0 sobre o Bahia, no Pacaembu.

"O Levir é muito experiente, está há muito tempo no futebol. Não somos robôs, não se pode jogar todos os jogos. Ele vai mudando, dando oportunidades. Era o que faltava", disse o meia, que estava afastado do time antes da chegada do treinador.

Mesmo criticado pelo excesso de "rachões" e poucos trabalhos táticos, conseguiu cortar antigos vícios do trabalho do seu antecessor.

"O Levir, por conta do desgaste, opta por descontração com rachão. E tem dado certo. Ele percebe que o grupo se solta mais, fica mais tranqüilo", diz o zagueiro David Braz.

Para agradar o elenco, pôs fim às improvisações e priorizou a remontagem da uma equipe com base na velocidade, explorando os atacantes Copete e Bruno Henrique. O primeiro, que era reserva com Dorival, voltou a fazer boas partidas. O segundo, se tornou o artilheiro santista na temporada, com 15 gols.

Mesmo com o estilo boa-praça, Levir não deixa de chamar a atenção dos jogadores.

Com menos de um mês no cargo, realizou uma longa reunião com os atletas para resolver problemas do elenco. Alguns de comportamento, como era o caso de Lucas Lima.

Chegou a interferir também fora do campo. Por exemplo, proibindo jogadores de usarem carros particulares após a chegada de viagem, indicando que o clube poderia ser responsabilizado em caso de acidente.

Pediu também para o que fossem estabelecidos limites na atuação da Santos TV, canal do oficial do clube alvinegro, que, segundo ele, desrespeitava a privacidade dos jogadores, e vetou a entrada de pastores e líderes religiosos que iam ao CT do clube para realizar cultos.

Nesta quarta, Levir não poderá contar Copete e Gustavo Henrique, lesionados. Com isso, Thiago Ribeiro e David Braz serão titulares.

O técnico também não terá Vecchio, em fase de recondicionamento físico, e Nilmar, com conjuntivite.

NA TV
Barcelona (EQU) x Santos
21h45 Globo (Santos) e Fox Sports 2

BOTAFOGO E GRÊMIO FAZEM MISTÉRIO

Os treinadores Jair Ventura, do Botafogo, e Renato Gaúcho, do Grêmio, optaram por fazer mistério na escalação de suas equipes antes do primeiro duelo das quartas de final da Libertadores, marcado para esta quarta-feira (13), às 21h45, no Engenhão.

Mesmo com o zagueiro Carli e os meio-campistas João Paulo, Marcos Vinícius e Lindoso recuperados de contusão, o treinador botafoguense não confirmou qual deles começará jogando.

No Grêmio, Renato afirmou que vai esperar até momentos antes da partida para contar com o atacante Luan e o zagueiro Geromel.


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