Folha de S. Paulo


COI tenta alívio em meio à crise e queda de interesse por Jogos

Fabrice Coffrini/AFP
O prefeito de Los Angeles, Eric Garcetti, o presidente do COI, Thomas Bach, e a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, em evento em julho deste ano
O prefeito de Los Angeles, Eric Garcetti, o presidente do COI, Thomas Bach, e a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, em evento em julho deste ano

O COI (Comitê Olímpico Internacional) assina nesta quarta-feira (13) um acordo que lhe dá alívio em meio à fuga de interessados em sediar seu principal evento. Na sessão ordinária que ocorre em Lima, capital do Peru, a entidade definirá duas cidades-sedes dos Jogos Olímpicos de uma só vez.

A assinatura do acordo tripartite que entregará a edição de 2024 a Paris e a de 2028 a Los Angeles está prevista para as 15h (de Brasília).

Será a terceira vez que cada uma das metrópoles receberá o megaevento esportivo: a francesa já o hospedou em 1900 e 1924. Já a californiana foi palco em 1932 e 1984.

A dupla atribuição foi a solução encontrada para contornar um problema que tem se tornado crônico: a falta de interessados na Olimpíada.

Inicialmente, o COI usaria a sessão em Lima para definir a sede de 2024. Porém, depois das desistências de Hamburgo, Roma e Budapeste, apenas Paris e Los Angeles permaneceram no páreo.

Ter duas finalistas, por si só, já era ruim por acentuar uma tendência atual. O COI teve cinco metrópoles, por exemplo, na rodada decisiva para os Jogos de 2012 (Londres, Madri, Nova York, Paris e Moscou); quatro para
2016 (Rio, Tóquio, Madri e Chicago); e três para 2020 (Tóquio, Madri e Istambul).

E podia se tornar ainda mais perigosa para 2028, já que o derrotado para 2024 dificilmente tentaria outra vez.

O COI mudou o discurso inicial de que não abriria agora o processo para 2028. Em julho, assembleia com seus membros aprovou a homologação dessa sede também em Lima.

No evento, o presidente do COI, Thomas Bach, posou para fotos erguendo os braços dos prefeitos Eric Garcetti (Los Angeles) e Anne Hidalgo (Paris), em um gesto claro de que havia encontrado a saída.

A partir de então, o COI se esforçou para que os americanos ficassem com a edição mais tardia. Em contrapartida, Los Angeles receberia US$ 1,8 bilhão do comitê.

Com a dupla atribuição, o COI ganha tempo, e ainda agrada seu maior parceiro, a rede americana NBC, que pagará US$ 7,5 bilhões pela transmissão dos Jogos para os EUA de 2021 a 2032.

CRISE ÉTICA

Na segunda (11), Bach foi questionado sobre se conceder os dois próximos Jogos ajudaria a amenizar suspeitas sobre o processo de eleição. O COI (Comitê Olímpico Internacional) reconheceu que recentes pleitos para cidades-sede dos Jogos Olímpicos podem ter sido fraudadas —com compra de votos de seus membros.

O posicionamento ocorreu após a Operação Unfair Play, da Polícia Federal, que intimou o dirigente Carlos Arthur Nuzman a depor sob suspeita de agir como elo nas fraudes. Pesam também suspeitas sobre a escolha de Tóquio como sede dos Jogos de 2020.

"Não há responsabilidade coletiva sobre o COI. Existem regras cristalinas na atribuição das sedes olímpicas. Aqueles que têm violado estas regras serão punidos quando as provas forem materializadas", rebateu Bach.


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