Folha de S. Paulo


Flamengo tenta consagrar aposta em estrangeiro na final da Copa do Brasil

Há menos de um mês no Flamengo, o colombiano Reinaldo Rueda, 60, está próximo de conseguir algo que nenhum outro técnico estrangeiro obteve no Brasil nos últimos 58 anos: conquistar um título nacional.

Ele começa a disputa pelo troféu nesta quinta (7), às 21h45, no Macaranã, quando a equipe carioca enfrenta o Cruzeiro, pela partida de ida da decisão da Copa do Brasil. O jogo de volta está marcado para o dia 27, no Mineirão.

Rueda tenta igualar o feito alcançado pelo argentino Carlos Volante, que venceu a Taça Brasil de 1959, com o Bahia, batendo o Santos na final.

Contratado pelo Flamengo após a saída de Zé Ricardo, Rueda chegou com respaldo da torcida em virtude do seu desempenho no Atlético Nacional-COL. Foi campeão da Copa Libertadores em 2016.

A contratação do colombiano no Brasil reacendeu a discussão sobre a presença de estrangeiros no futebol nacional e a ausência de profissionais brasileiros em ligas importantes do exterior.

Parte do problema é que licenças emitidas pela CBF não são admitidas na Europa. Desde o ano passado, a entidade brasileira pede a equiparação à Fifa.

Jair Ventura usou a chegada de Rueda para criticar a falta de reconhecimento dos brasileiros. Em seguida, disse que não tinha nada contra o colombiano, que dirigiu o Flamengo nas duas partidas contra o Botafogo, pela semifinal do torneio mata-mata.

"É ótimo que treinadores estrangeiros venham para o Brasil. Eles podem ver a dificuldade que é trabalhar aqui e os problemas que enfrentamos. Tanto isso é verdade que os profissionais do exterior que vieram tiveram dificuldade", afirmou Mano Menezes, rival do colombiano.

O retrospecto sustenta a tesa do treinador do Cruzeiro. Nos últimos anos, os clubes brasileiros investiram na contratação de treinadores de outros países com o objetivo de buscar novas metodologias de trabalho, mas nenhum conseguiu completar uma temporada no cargo.

Em 2014, o Palmeiras apostou no argentino Ricardo Gareca, que ficou por 13 jogos. No ano seguinte, três treinadores trabalharam no futebol brasileiro: o colombiano Juan Carlos Osorio (43 jogos no São Paulo), o português Sérgio Vieira (2 partidas no Atlético-PR) e o uruguaio Diego Aguirre (48 partidas no Internacional).

Na temporada passada, quatro estrangeiros dirigiram times da Série A do Brasileiro: o argentino Edgardo Bauza (48 jogos no São Paulo), o português Paulo Bento (17 no Cruzeiro), além de Aguirre (29 no Atlético-MG) e Vieira (10 no América-MG).

MUDANÇAS

Rueda até agora dirigiu a equipe carioca em cinco partidas: três vitórias e dois empates. A principal mudança que o treinador fez desde que chegou ao clube foi colocar como titular o conterrâneo Gustavo Cuellar na vaga de Márcio Araújo.

O jogador colombiano deu mais proteção aos zagueiros, além de ajudar na saída de bola. Ele defendeu sua seleção contra o Brasil na terça (5) e retornou ao país no voo fretado da seleção brasileira.

O técnico também optou por um lateral esquerdo mais defensivo. Por isso, improvisa Pará no setor.

Para esta quinta-feira, Rueda tem dúvidas no gol e no setor ofensivo. Sem Diego Alves, que não foi inscrito na competição, o treinador tem como opções Muralha e Thiago. Já no ataque, Paquetá e Vinícius Júnior brigam pela vaga de Guerrero, suspenso.


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