Com um terço do período que ficará à frente do São Paulo cumprido, o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, assistiu ao time pago por ele conquistar 47% dos pontos disputados.
Se o mandato presidencial no São Paulo terminasse hoje, seria o terceiro pior índice da história do clube.
Leco tem até dezembro de 2020 para passar para a parte de cima da tabela. Mas os jogadores e a comissão técnica contam com 19 jogos neste Brasileiro para não colocarem o clubena série B pela primeira vez na história.
Desde quando assumiu o São Paulo, em 13 de outubro de 2015, Leco, também um apaixonado torcedor, viu a equipe conquistar 51 vitórias, empatar 35 vezes e perder 47.
A única campanha digna de nota no período é a da Libertadores de 2016, quando o atingiu às semifinais.
Em meses, a direção contratou e demitiu jogadores. Vendeu dezenas de atletas para pagar as contas. E comprou vários outros durante a disputa dos campeonatos. Receita que nem sempre costuma dar certo.
O cálculo de aproveitamento feito a pedido da Folha pelo historiador e consultor em gestão esportiva José Renato Santiago, autor de um dos almanaques publicados com os jogos do time tricolor, revela que um mandatário são-paulino não atingia um aproveitamento parecido ao do presidente Leco há 70 anos.
O aplaudido Paulo Machado de Carvalho, dirigente que fez história na seleção nas copas de 1958 e 1962, quando ganhou o apelido de "Marechal da Vitória", dirigiu a equipe em dois períodos nos anos 1940 (veja ao lado).
Nos 72 jogos que o São Paulo estava sob a direção do também radialista, foram 28 vitórias e 16 empates. O aproveitamento de Machado de Carvalho, conhecido também por ser um apaixonado torcedor são-paulino, foi de 46%.
Na frieza dos números, o pior aproveitamento de um presidente do São Paulo, de 36%, está ligado a um são-paulino ilustre, Frederico Menzen. É dele o nome oficial do Centro de Concentração e Treinamento que a equipe utiliza atualmente na Barra Funda, zona oeste da capital.
O sócio número 1 do São Paulo dirigiu o clube de fevereiro de 1936 a junho de 1938, na primeira década do time.
Como Corinthians e Palmeiras, até os anos 1930, alternavam-se na conquista do Paulista —o Santos havia ganho um, em 1935—, existia a brincadeira de que os títulos eram decididos na moeda.
"Numa ocasião, disseram que se desse cara, o título seria do Palestra, se desse coroa, do Corinthians. 'E o São Paulo, o que diz disso?', perguntou um dos dirigentes", contou Menzen, em um dos seus depoimentos registrados pelo São Paulo.
"E eu respondi que ganharíamos o campeonato se a moeda caísse em pé. Houve muitos risos e, ao final do campeonato, a moeda caiu de pé. Fomos campeões", conta um dos homens responsáveis pelo São Paulo existir e, depois, crescer. O troféu é o de 1943.
Sempre muito ligado ao clube, Menzen se emocionava no Morumbi pronto. "Hoje, quando chego aqui, subo até as tribunas, olho lá de cima para aquela imensidão totalmente vazia e digo para mim mesmo, em voz alta, quase com vontade de gritar: Valeu a pena. E de vez em quando eu choro", relatou.
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ILUSTRES
Na outra ponta da tabela do aproveitamento de pontos existem mais figuras ilustres.
Roberto Gomes Pedrosa, nome da praça em frente ao Morumbi, é um deles. Ele teve um índice de 86% nos 33 jogos que viu na presidência.
Pedrosa, mandatário durante quase todo o ano de 1946, participou da administração vitoriosa que obteve dois dos primeiros títulos históricos do time do Morumbi.
No bicampeonato paulista de 1945/1946, o São Paulo tinha em seu elenco nomes como Bauer, Rui, Noronha, Leonidas e Teixeirinha.
O próprio presidente Cícero Pompeu de Toledo, que dá nome ao Morumbi, administrou a equipe tricolor entre 1947 e 1958 com um aproveitamento de 64%, um pouco acima da média, que está ao redor dos 60%.
Os principais títulos do clube, os seis brasileiros e as conquistas internacionais (três Libertadores e três mundiais), coincidem com mandatos que registraram aproveitamentos maiores ou ao menos perto da média.
MUDANÇA TÁTICA
Um mês e sete partidas após fazer sua estreia pelo São Paulo, Dorival Júnior resolveu alterar o esquema tático para proteger o sistema defensivo e recuperar o emocional dos jogadores.
E, para o primeiro passo dessa nova caminhada, o treinador são-paulino contará novamente com a torcida, que esgotou os ingressos para o jogo contra o Cruzeiro, marcado para este domingo (13), às 11h, no Morumbi.
Desde que foi contratado, Dorival apostou no 4-2-3-1 com alternância para o 4-1-4-1 durante as partidas. Com oito pontos somados em 21 disputados, o treinador resolveu adotar o segundo esquema.
Assim, fez três modificações no time que foi derrotado pelo Bahia. O volante Jucilei perdeu a posição para o jovem Militão, 19, que atuou como zagueiro na última partida. Com a vaga aberta na defesa, Rodrigo Caio retorna de suspensão e forma dupla com o equatoriano Arboleda.
Outras alterações são a entrada de Buffarini no lugar de Araruna e Marcos Guilherme na vaga de Cueva, suspenso.
"Uma vitória simples já passará confiança aos atletas. Não fomos mal contra Coritiba e Bahia, mas o resultado não apareceu", disse o técnico Dorival Júnior.