Folha de S. Paulo


Procuradoria quer investigar no Brasil acusações da Espanha contra Teixeira

O Ministério Público Federal pretende investigar no Brasil as acusações feitas contra Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, por autoridades espanholas.

A juíza Carmem Lamela expediu uma ordem internacional de busca e captura Teixeira, 70, que vive no Rio de Janeiro.

A decisão foi assinada no dia 12 de junho pela magistrada e não foi cumprida até agora. O Brasil não tem tratado de extradição com a Espanha.

Procuradores envolvidos no caso relataram à Folha que estão aguardando a confirmação oficial da ordem de prisão emitida pelas autoridades espanholas para pedir que a documentação do caso seja remetida para o Brasil.

Até a tarde desta terça-feira (18), a base da Interpol ainda não havia sido atualizada com o novo mandado de prisão.

Segundo a Folha apurou, integrantes da Procuradoria-Geral da República pretendem pedir à Espanha o compartilhamento do processo para apurar o caso no Brasil.

O objetivo do Ministério Público Federal é abrir a investigação o quanto antes, se possível esta semana. Há pelo menos duas investigações em curso no Rio de Janeiro e esta também será encaminhada ao Estado.

Uma possível investigação poderia levar o cartola brasileiro a ser denunciado, processado e condenado em território brasileiro.

Como o Brasil não extraditará Teixeira, entende-se que a Procuradoria tem o compromisso internacional de transferir o processo para o Brasil.

O cartola brasileiro é acusado de lavar milhões de euros junto com Sandro Rosell, ex-presidente do Barcelona. O dirigente catalão está preso há cerca de dois meses na Espanha. Já Teixeira permanece livre no Brasil.

O ex-presidente da CBF também já foi denunciado na Justiça dos EUA por ser um dos comandantes de um esquema de lavagem de dinheiro e de recebimento de propina na venda de direitos de torneios montado por dirigentes da Fifa.

Em entrevista à Folha em junho, o presidente da CBF recusou negociar uma delação premiada com as autoridades norte-americana e disse que se sentia protegido no Brasil.

"'Tem lugar mais seguro que o Brasil? Qual é o lugar? Vou fugir de quê, se aqui não sou acusado de nada? Você sabe que tudo de que me acusam no exterior não é crime no Brasil. Não estou dizendo se fiz ou não'', afirmou o cartola.

De acordo com a juíza, Teixeira obteve de forma indireta mediante uma trama societária os cerca de 8,3 milhões de euros que a ISE (empresa árabe donas dos direitos da seleção) pagou de comissão para a Uptrend, de Rosell.

No despacho, a magistrada chama o ex-presidente da CBF de "o homem dos mil contatos". Segundo a investigação feita na Espanha, Teixeira e sua ex-mulher tinham dois cartões de crédito que eram pagos pela Uptrend.


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