Folha de S. Paulo


Na Rússia, time viaja até 6 mil km para jogar primeira divisão nacional

Editoria de Arte/Folhapress
Time russo fará estreia na primeira divisão neste domingo
Time russo fará estreia na primeira divisão neste domingo (16)

Já imaginou viajar mais de 12 mil quilômetros entre ida e volta e passar quase 17 horas em um avião para disputar uma simples partida de um campeonato nacional na capital de seu país? Pois é esta maratona que os atletas do SKA Khabarovsk terão de fazer durante a próxima temporada do Campeonato Russo, que começou neste final de semana.

Só em Moscou serão quatro duelos: contra CSKA, Dínamo, Lokomotiv e Spartak. O que dizer então de outras 11 viagens muito longas para enfrentar seus demais adversários da liga?

O SKA, novo integrante da primeira divisão russa, tem sua sede e estádio na cidade de Khabarovsk, localizada no extremo leste da Rússia, próxima à famosa Vladivostok. Ele estrearia no torneio contra o Zenit, neste domingo (16).

Apenas 1.473 km separam o município de Tóquio e 1.761 km de Pequim. Já até Moscou são 6.140 km. O adversário mais próximo é o Ural, que fica em Ekaterimburgo a 4.850 km. O mais distante é o Anzhi, de Makchkala, a 6.442 km. Todas as distâncias são calculadas por via aérea em linha reta.

Para se ter uma idéia, a distância entre São Paulo e Nova York é de 7.681 km. Em 2013, o Palmeiras viajou 9.718 km para enfrentar o Tijuana na Libertadores. Mas isso no extremo norte do México para um único jogo e não com a regularidade de um torneio nacional.

E não é apenas o deslocamento que joga contra o SKA. Há também o fuso-horário. Entre Khabarovsk e Moscou, por exemplo, são sete horas de diferença. Um desafio para o corpo dos atletas. O time não conta com um avião próprio e faz todas as viagens em voos comerciais regulares.

Com exceção dos deslocamentos para a capital, em todos os outros ao menos uma escala é necessária. Foram diversas as viagens na segunda divisão. Mas com o acesso, o time está em foco na Rússia e no mundo pelas distâncias fora do comum.

"É muito desgastante viajar oito horas até Moscou. E se jogamos perto de lá fazemos a escala e seguimos com a viagem. E tem mais esta do fuso né? É uma loucura (risos)", afirmou à Folha o atacante argentino do SKA Juan Lescano.

"Sempre viajamos um dia antes dos jogos. É muito cansativo. Digo que isso torna este campeonato para nós o mais difícil do mundo", completou o argentino.

O jogador de 24 anos anotou oito gols em 30 partidas na segunda divisão.

O SKA terminou na quarta colocação entre 20 participantes, com 59 pontos, e garantiu uma vaga no playoff de acesso. Nas duas partidas valendo vaga na elite empatou com o Orenburg (13º da primeira divisão) por 0 a 0. Na decisão por pênaltis, fez 5 a 3 para subir de forma inédita.

"Com certeza foi o triunfo mais importante da história deste clube", avaliou Lescano que chegou a Khabarovsk no ano passado.

Na Copa da Rússia, o clube havia ganhado as manchetes ao eliminar o poderoso e novo campeão russo Spartak nos 16 avos de final.

Lescano é um dos quatro estrangeiros que fizeram parte do elenco. E seu objetivo é seguir na próxima temporada.

"Nosso objetivo agora é seguir na elite. Se der para tentar vaga em algum torneio europeu vamos atrás disso", finalizou.

EPOPEIA

O torcedor que quiser se arriscar por terra para acompanhar o time viverá uma aventura. Até Moscou, por exemplo, são 8.317 km pasando próximo às fronteiras da China, Mongólia e Cazaquistão. Sem paradas, são estimados quatro dias e nove horas para completar o percurso em uma direção, o que significaria na volta perder o jogo do time como mandante.

Também é possível fazer a viagem de trem passando pelos trilhos usados pelo famoso Expresso Transiberiano, que começa em Moscou e acaba em Vladivostok e tem 120 paradas.


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