Folha de S. Paulo


Atraso em prestação de contas impede que basquete brasileiro receba verba

Apesar de a suspensão imposta pela Fiba (federação internacional) ter sido derrubada no mês passado, a CBB (Confederação Brasileira de Basquete) se depara com outro problema financeiro que a impede de captar recursos.

Com prestações de contas pendentes da administração anterior, a confederação continua impedida de receber verba da Lei Piva –que destina 1,7% do prêmio pago aos apostadores de todas as loterias federais do país ao COB (Comitê Olímpico do Brasil).

A Folha apurou que o débito acumulado com o COB, que reparte os recursos da Lei Piva, ultrapassa R$ 200 mil.

Desde a punição da Fiba após os jogos, a confederação perdeu o patrocínio do Bradesco e ficou sem receber verbas públicas como as da Lei Piva.

O COB confirmou que ainda não pode liberar verba para projetos da CBB devido aos atrasos. A confederação de basquete teria direito a pedir até R$ 2,2 milhões neste ano.

"Para que volte a receber recursos da Lei Agnelo/Piva, a CBB precisa apresentar as comprovações necessárias e/ou devolver os valores pertinentes", disse o comitê.

Apesar disso, o COB pode fazer concessões para que em situações excepcionais os atletas não sejam lesados.

"Caso necessário, os recursos financeiros para a participação do basquete brasileiro nas competições internacionais, essenciais para este ciclo olímpico, serão executados diretamente pelo COB, visando não prejudicar os atletas", complementou.

O comitê não forneceu informações sobre quantos projetos estão pendentes e nem detalhou valores a respeito.

As seleções masculina e feminina têm compromissos em agosto: disputam a Copa América, que no caso das mulheres dá vaga na Copa do Mundo da Espanha-2018.

Historicamente, em dezembro, o comitê olímpico divulga qual a previsão de repasse da Lei Piva para cada confederação no ano posterior. As entidades apresentam projetos para obter liberação dos recursos. Depois que consegui-los e empregá-los, são obrigadas a comprovar o gasto ao COB.

As prestações são averiguadas pelo Tribunal de Contas da União e pelo Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União.

Matheus Costa / Transparência
O candidato a presidencia da confederacao brasileira de basquete, Guy Peixoto Créditos: Matheus Costa / Transparencia ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
O ex-jogador Guy Peixoto, que preside a CBB desde março

Sem dinheiro em caixa, a CBB tem sofrido para definir sua nova estrutura. O novo técnico da seleção feminina, Carlos Lima, foi anunciado na sexta-feira (7), a um mês do início da Copa América. A equipe masculina ainda não tem um treinador definido.

A confederação foi administrada entre 2009 e 2017 por Carlos Nunes, que fez as dívidas saltarem cerca de 1.350%.

Em meio a isso, a Fiba suspendeu a entidade entre novembro e junho por entender que ela descumpria obrigações seladas em seu estatuto.

Em março, Guy Peixoto assumiu a presidência. Procurada pela Folha, a CBB não fez comentários.

CBB - 16.nov.2015/Divulgação
16/11/2015 - Carlos Nunes (CBB/Divulgacao) ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
O ex-presidente da CBB Carlos Nunes (2009-2017), que deixou dívidas e de prestar contas

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