Folha de S. Paulo


Frustrado por 'não' à China e após lesões, números de Oliveira caem

Guilherme Dionizio/Folhapress
Ricardo Oliveira no treino do Santos FC, nesta quinta-feira (13), no CT Rei Pelé em Santos (SP).
Ricardo Oliveira durante treino do Santos no CT Rei Pelé

A relação entre Santos e Ricardo Oliveira, 37, se transformou em desconfiança mútua.

A raiz dos problemas foi a frustrada transferência do atleta para a China, em fevereiro de 2016. O Beijing Guoan queria contratá-lo. Oliveira pediu para o presidente Modesto Roma Júnior liberá-lo. Apresentou argumentos pessoais. A Folha apurou com amigos de Oliveira que ele disse ao cartola precisar do dinheiro.

Parte do que guardou na passagem pelo Al Wasl, entre 2014 e 2015, ficou preso nos Emirados Árabes e ele não conseguiu trazer o patrimônio para o Brasil. O valor da transferência e o novo salário representariam um alívio.

Até então, o centroavante era figura quase onipresente na equipe. Apresentado em janeiro de 2015 pelo Santos, participou de 67 dos 77 jogos oficiais que o time disputou até fevereiro de 2016.

Há algumas semanas, disse a pessoas na Vila Belmiro estar aflito para voltar a jogar porque quer mostrar serviço. Não apenas para o Santos, mas para o mercado. Seu contrato termina em dezembro.

A partir da negativa do clube em liberá-lo, o atacante acumulou problemas físicos e médicos. Teve lesões no joelho, coxa, contusão no tornozelo, corte na orelha, não conseguiu se apresentar com os demais atletas em janeiro deste ano por estar com caxumba e, em junho, teve uma pneumonia diagnosticada.

Foi cortado da seleção brasileira de Dunga que disputou a Copa América, em 2016, por ter tendinite no joelho.

Suas aparições em campo caíram tanto que a diretoria santista buscou outra alternativa para o ataque. Fechou contrato com Nilmar, 32, que não disputou nenhum jogo nos últimos 14 meses.

SUMIDO

A partir do final de fevereiro de 2016, o Santos atuou 94 vezes. Oliveira esteve em campo em 50 delas. A última foi em 3 de junho, contra o Corinthians, pelo Campeonato Brasileiro. Foi substituído aos 30 minutos do 2º tempo.

A negociação frustrada causou desgaste do atacante com o presidente Modesto Roma Júnior. O atacante também teve ríspida discussão com o empresário de futebol Luiz Taveira, que realiza parte das negociações para reforços do Santos.

Foi Taveira quem teve a ideia de levá-lo para a Vila Belmiro, em janeiro de 2015, e fez a intermediação do negócio. Depois, teve problemas com o agente do atacante, Augusto Castro.

O presidente descarta qualquer atrito com o jogador por causa da proposta chinesa.

"Isso está no passado Já faz um ano e meio. Se ele está desesperado para voltar a jogar, nós também estamos. Temos certeza de que ele vai continuar no clube", afirma o mandatário.

Ele diz que a renovação do atacante "está acertada" até o final de 2018. A Folha apurou que, para ficar, Oliveira gostaria de um acordo por mais duas temporadas, até o fim de 2019.

A diretoria acertou a contratação de Nilmar como uma tentativa de repetir o sucesso de Ricardo Oliveira, que chegou sob desconfiança e virou um dos principais artilheiros do futebol nacional.

A diferença é que, pelo seu primeiro acordo, ele assinou por R$ 50 mil mensais. O salário de Nilmar será de R$ 200 mil e pode subir, de acordo com metas a serem atingidas.

Um dos motivos para a chegada de Levir Culpi que substitui Dorival Júnior como técnico foi para confrontar o que a diretoria e conselheiros viam como uma panela dos evangélicos do elenco. Ricardo Oliveira seria um dos líderes. Para a torcida, seu apelido é pastor, o que ele é mesmo, na igreja evangélica Assembleia de Deus.

Levir Culpi vetou cultos religiosos dentro do clube.

"Vamos falar de trabalho, não de religião",afirmou o técnico à Folha.

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