Folha de S. Paulo


Dorival pede fim de 'entradas e saídas' de jogadores no São Paulo

Divulgação/Rubens Chiri /saopaulofc.net
Dorival Júnior chega ao Tricolor e é apresentadoTreinador concedeu coletiva de imprensa nesta segunda (10) e falou sobre a missão de dirigir a equipe
Dorival Júnior chega ao São Paulo pedindo estabilidade no elenco

Menos de 24 horas após ser derrotado por 3 a 2 pelo Santos e cair para a 19ª posição do Campeonato Brasileiro, o São Paulo apresentou o técnico Dorival Júnior. Ao lado do presidente Carlos Augusto de Barros e Silva e do diretor-executivo de futebol do clube, Vinicius Pinotti, ele falou sobre o desafio de livrar a equipe da zona do rebaixamento.

Num campeonato que considera paralelo, aquele para se distanciar da zona de risco da tabela, Dorival espera trabalhar com um elenco estável, depois de seu antecessor, Rogério Ceni, sofrer com o desmonte da equipe em sete meses de temporada. "Temos um bom elenco. Dentro do possível, das necessidades, do momento do mercado, pode e deve ser melhorado, mas temos que acreditar no que temos e cessar essas conversas de entradas e saídas. Isso quebra muito a confiança de um elenco", afirmou.

Quando foi feita um questionamento na entrevista coletiva sobre a indefinição da permanência de Rodrigo Caio, com proposta do Zenit, o técnico passou a palavra para Vinicius Pinotti, que disse que o São Paulo não tem intenção de negociar o zagueiro.

"Nunca houve negociação pelo Rodrigo Caio, foi sinalizado que haveria o pagamento da multa rescisória, e não há negociação nesses casos. O São Paulo não tem intenção de negociar, mas todo contrato tem uma multa e se houver pagamento, depende do jogador", disse o diretor.

Sobre o peruano Christian Cueva, que também pode ser negociado, com sondagens da Turquia, sua alegada falta de empenho vem desagradando à diretoria, que detecta queda de rendimento técnico e físico. Dorival ainda espera reabilitar o jogador. "Não tenha dúvidas, é obrigação de todo treinador. Um profissional no São Paulo tem obrigação de se sentir motivado em todos os aspectos. A instituição tem que ser preservada e respeitada".

Dorival já comandará o primeiro treino no Tricolor nesta segunda-feira, às 15h30. Ainda nesta semana, o treinador espera entrar em contato com Rogério Ceni, para absorver informações dos sete meses de trabalho do ex-goleiro e sobre o elenco. O técnico, ao lado do filho e auxiliar Lucas Silvestre, do preparador físico Celso Resende e do analista Léo Porto, também aproveitou para assistir aos últimos quatro jogos do São Paulo e, assim, chegar mais inteirado das deficiências e virtudes do time.

"O São Paulo, em razão da classificação, sai em condição diferente. É um campeonato de recuperação, e já vi isso acontecer, como já vi times assim se agravarem. Temos que privilegiar o que temos, mas diretoria estará atenta ao mercado, ainda que todos saibam que em um momento como esse é difícil ter condições de tirar algum jogador. A grande maioria dos bons já atuou o limite de jogos por seus clubes. Na correria não se faz nada. É o momento de estancar condição de saídas e entradas e recuperar confiança de modo geral para a produção do grupo melhorar", afirmou.

"Confio no trabalho e no elenco. Esse momento inadequado é a maior preocupação de todos nós. Venho para cá porque confio, acima de tudo, no meu trabalho e no da minha comissão, vou procurar fazê-lo com muita intensidade e carinho. Que possamos estar fortalecidos para um momento como esse, preparados para uma condição que não é fácil. Temos que sentir o momento da equipe, acreditar e trabalhar com muita dignidade. A história do São Paulo tem um peso muito grande", afirmou o novo comandante são-paulino.

Dorival elogiou o trabalho de Rogério Ceni, seu antecessor, e falou em dar mais espaço às revelações de Cotia, que já formam quase um terço do elenco profissional. Ele não descarta prospectar mais talentos nas equipes mais jovens. O trabalho de revelação de atletas em suas duas passagens pelo Santos teve influência em sua contratação pelo São Paulo.

"É para observar também, e com carinho especial, o que temos em casa. O trabalho desenvolvido pelo Rogério era elogiável nesse sentido, buscando o que o São Paulo tem de melhor, produzindo grandes jogadores. Temos que dar atenção e ter consciência de que nossos problemas podem ser resolvidos aqui dentro, com o aparecimento de um garoto, de um atleta que melhore as condições da nossa equipe", afirmou.

"O treinador precisa estar em Cotia. Que tenhamos condição de observar mais, essa integração vai continuar e será mantida. Dentro do possível, vamos observar a base. No Santos, era um trabalho mais fácil porque recebíamos as equipes em treinamentos, em horários diferentes, mas sempre observávamos e isso era importante se definíamos uma contratação ou se aproveitávamos um garoto. O São Paulo também proporciona isso e já há uma integração muito grande com a base", completou.

MUDANÇAS

A saída de Rogério Ceni e a chegada de Dorival Júnior já provocou mudanças no departamento de futebol. O auxiliar técnico Pintado vai exercer nova função no clube. Em um primeiro momento, a expectativa é de colocá-lo como responsável pela transição de jogadores da base para o profissional. Já os preparador de goleiro, Haroldo Lamounier, e o preparador físico, José Mário Campeiz, foram demitidos.

As mudanças eram previstas. Zé Mário Campeiz era pressionado por dirigentes do clube há tempos, que questionavam suposta queda de rendimento físico da equipe e alto número de lesões no elenco. O clube vai contar com o preparador físico de Dorival Júnior para a função: Celso Rezende, que já desempenha a função nas outras equipes que o treinador dirigiu. Zé Mário Campeiz estava no clube desde 2011, quando chegou com Adilson Batista. Celso terá a companhia de Pedro Campos, puxado ainda por Rogério Ceni de Cotia para o CT da Barra Funda.

Para o cargo de Haroldo, o Tricolor vai contratar um preparador de goleiros. Haroldo estava no profissional desde 2003 e acompanhou boa parte da carreira de Rogério Ceni. Aliás, em 2016, ele havia sido deslocado para a base e substituído por Carlos Gallo. Neste ano, com a chegada de Ceni como treinador, voltou a trabalhar com o time profissional. O novo preparador terá auxilio de Octavio Bittencourt, que era assistente de Haroldo e também saiu de Cotia.

O clube quis deixar claro que as mudanças não foram um pedido de Dorival. O diretor-executivo de futebol, Vinicius Pinotti, conversou com o elenco antes do treino desta segunda-feira para explicar as mudanças. A atividade foi a primeira comandada pelo novo técnico, apresentado horas antes no CT.

PAULO AUTUORI

Uma nova adição à comissão técnica poderia ser Paulo Autuori, campeão mundial como técnico da equipe em 2005. Ele seria uma espécie de supervisor da comissão técnica, em cargo semelhante ao que exercia no Atlético-PR, clube do qual se demitiu nesta segunda-feira.

O presidente Carlos Augusto de Barros e Silva aprova a ideia e analisa a possibilidade

Leco exaltou o currículo de Autuori para embasar a hipótese de tê-lo à frente da comissão, que a partir desta segunda tem Dorival Júnior como treinador, Lucas Silvestre e Léo Porto como novos auxiliares e Celso Resende como preparador físico. A informação sobre o interesse no ex-técnico foi inicialmente publicada pelo "Globoesporte.com".

"Trata-se de nome de inegável conceito, ainda mais no São Paulo. Autuori foi campeão mundial no São Paulo, tem respeito muito grande. Não foi cogitado (para ser técnico), mas é sempre um nome bem-vindo por uma instituição que tem desejo de grandeza. Para a comissão técnica, é outro assunto. Não posso responder com riqueza de detalhes. Só que é um nome qualificado para isso, será objeto de análise. Não houve absolutamente nada, mas não significa que não possa haver", explicou Leco.

Além dos títulos conquistados em 2005, incluindo a Copa Libertadores, Autuori teve passagem ruim pelo Tricolor em 2013. Foram apenas 17 jogos, com 25% de aproveitamento e crise pela presença na zona de rebaixamento. O então presidente Juvenal Juvêncio o demitiu e contratou Muricy Ramalho para salvar a equipe.

PALAVRA DO PRESIDENTE

Leco abriu a coletiva de imprensa com semblante sério e com breve pronunciamento. Primeiro, exaltou Dorival Júnior, mas logo passou a falar sobre o momento do clube, na penúltima colocação do Campeonato Brasileiro.

"O São Paulo, infelizmente, se encontra em uma situação, imagino, provisões, de desconforto. Não faz parte da nossa grandeza e tradição. Não é a primeira vez, mas estamos vivendo, que é essa zona de rebaixamento e que imagino vamos sair com o Dorival. Ele não está no São Paulo por sua capacidade de tirar o time do rebaixamento, mas pelo seu reconhecido trabalho".

Dorival Júnior


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