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Após queda de Ceni, Dorival Júnior é o favorito para ser técnico do São Paulo

Jorge Araujo/Folhapress
Dorival Júnior durante entrevista quando era técnico do Santos
Dorival Júnior durante entrevista quando era técnico do Santos

O trabalho de "longo prazo" de Rogério Ceni no São Paulo durou 221 dias. O treinador foi demitido pelo presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, nesta segunda (3). Apesar das promessas da diretoria, Ceni não resistiu à campanha ruim no Campeonato Brasileiro. Com 11 pontos, a equipe está na zona de rebaixamento.

Dorival Júnior é o favorito para o cargo. O presidente quer que o escolhido seja definido até o fim desta semana. O treinador está desempregado desde que foi demitido pelo Santos, há um mês.

Leco prefere Dorival apesar das restrições de outros integrantes da diretoria. Quem tenta demover o cartola argumenta que o técnico não costuma ter bons trabalhos em equipes que estão em situação parecida com a do São Paulo hoje em dia. O mandatário descartou as observações, colocou o ex-santista como prioridade e já até fez contato com ele.

"O respeito e o reconhecimento pela grandeza de Rogério Ceni, como figura histórica desta instituição, serão eternamente celebrados", diz a nota assinada por Leco sobre a demissão.

A presença do ex-goleiro foi uma das plataformas de sua campanha eleitoral em abril. Dizia que Ceni havia sido contratado para um trabalho que ia além dos resultados.

O São Paulo foi eliminado nas semi do Paulista (pelo Corinthians) e na quarta fase da Copa do Brasil (Cruzeiro). Na Sul-Americana, caiu contra o Defensa y Justicia (ARG), que jamais havia disputado um torneio continental.

A Folha apurou com pessoas ligadas à diretoria que Leco já pensava na mudança na semana passada, antes da derrota para o Flamengo, no último domingo (2). O cartola ficou alarmado com o desânimo do time em campo.

Leco estava consciente de que a troca de comando seria vista quase como uma traição. Ficaria a imagem de que usou politicamente um dos grandes jogadores da história do São Paulo apenas para vencer nova eleição, em abril.

De acordo com o site Globoesporte.com, o treinador não contestou ao ser comunicado da demissão. Apenas agradeceu pela oportunidade recebida e foi embora.

"Você não joga um ídolo aos leões dessa forma. Revolta ele ter sido tratado como foi. Errado foi terem contratado. Este foi o erro. Ceni foi usado em um papel político dentro do clube. Mas quem conhece o Rogério sabe da vaidade dele", afirma José Roberto Ópice Blum, conselheiro do clube e presidente do Conselho de Ética.

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Rogério Ceni teve problemas porque se manteve fiel à personalidade que tinha como jogador. O elenco gostava da forma dos treinamentos, da imaginação para criar novas atividades todas as semanas. Mas havia outros aspectos que incomodavam alguns atletas.

Editoria de Arte/Folhapress

Ceni vasculhava o noticiário para ver o que os seus comandados diziam para jornalistas. Não queria que nada fugisse do lugar comum. Deu broncas em jogadores e seus assessores por causa disso.

O tratamento dado ao zagueiro Rodrigo Caio nos minutos após a derrota no Morumbi na semifinal do Campeonato Paulista também incomodou. Foi naquele clássico que o zagueiro confessou ao árbitro ter cometido uma falta e, com isso, livrou o atacante Jô de receber o terceiro cartão amarelo, que o suspenderia para o confronto de volta, no Itaquerão.

"O que contou no final de tudo foi os resultados. A verdade é que se o nome dele não fosse Rogério Ceni, já teria sido demitido faz tempo. Talvez eu tivesse esperado um pouco mais, mesmo reconhecendo ser arriscado", disse à Folha um integrante do Conselho de Administração do São Paulo.

O primeiro jogo do novo técnico pode ser no domingo (9), às 19 horas, contra o Santos, na Vila Belmiro. Se não houver definição até lá, a equipe será comandada de forma interina por Pintado.


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