Ao aceitar a proposta do Houston Rockets nesta sexta-feira (23), o ala-armador Georginho, 21, sinaliza que está disposto a encarar um outro nível de basquete em sua precoce carreira.
Na metrópole texana, o jogador do Paulistano vai contar com o suporte de um dos melhores programas de treinamento para atletas da NBA.
Será mais um empurrão saudável ao brasileiro, que já apresentou considerável progresso em quadra com um ano de trabalho com o técnico Gustavo de Conti, pelo Paulistano. Foi eleito, aliás, o jogador que mais evoluiu na última temporada do NBB.
Vale a ressalva de que, para assinar com Houston, ele deve rescindir contrato com o clube paulista, que prevê mais um ano de vínculo.
Por mais que tenha evoluído em seu primeiro ano como jogador efetivo do campeonato nacional, a palavra de ordem para Georginho em Houston ainda é paciência.
A expectativa não é a de que chegue para jogar imediatamente. Estamos falando de um projeto para desenvolvimento a longo prazo.
De primeira, porém, vai poder exibir seus recursos em competição mais experimental, como a liga de verão de Las Vegas. Um torneio extraoficial que reúne em geral calouros e jovens atletas em busca de vaga na NBA.
Georginho é seguido de perto pelos scouts dos Rockets há três anos. Nesta quinta-feira (22), assim que terminou o "draft" da liga sem que o atleta fosse escolhido, a franquia prontamente fez uma oferta aos agentes Eduardo Resende e Alex Saratis.
O jogador vai cativar seus novos treinadores primeiro com seus atributos físicos.
Sua envergadura de 2,13 m é algo fora do comum para jogadores que atuam no perímetro (área ao redor da linha dos três pontos).
Os scouts dos Rockets também veem no brasileiro um quê de James Harden, o astro da equipe que é candidato perene ao prêmio de melhor jogador da liga. Não em termos de potencial, mas pelo menos devido ao estilo de jogo.
O jovem ala-armador já mostra boa leitura ofensiva nos tipos de jogada mais comuns do time de Houston. Faz a bola girar no ataque e envolve companheiros.
Aos poucos, também vai aprimorando sua mecânica de arremesso, que, contra defensores mais ágeis e compridos, pede mais rapidez.
Todas essas ferramentas podem sofrer ajustes, preparando o brasileiro para brigar, em outubro, por uma vaga no elenco principal.
Além disso, nas horas vagas, talvez valha a pena o ala-armador investir num curso intensivo de matemática.
O jogador vai entrar em contato com uma das franquias da NBA que mais investe em estatística.
O clube é considerado um pioneiro na "revolução analítica" que hoje toma conta da liga americana, não obstante a chiadeira dos que se guiam pelo estilo "boleiro".
Daryl Morey, gerente geral dos Rockets desde 2007, é um dos líderes desse movimento. Ele é formado no prestigiado MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, na sigla em inglês).
Sua vocação para avaliar o jogo prioritariamente por meio dos números desperta a ira de diversos ex-jogadores, como Charles Barkley, campeão olímpico pelo "Dream Team" de Barcelona-1992, hoje um dos comentaristas de maior voz na TV dos EUA.
Em sua gestão, o Houston chegou aos playoffs em oito de 11 temporadas, incluindo os últimos cinco anos de modo consecutivo. Em todas essas campanhas a equipe teve mais vitórias do que derrotas.
Para cada partida, os jogadores dos Rockets são municiados com largas brochuras, com observações sobre os adversários amparadas por números às vezes complexos.
Em quadra, como resultado de tantas equações, surgiu o que se veio a conhecer por "Morey Ball".
Visualmente, é fácil de entender esse estilo: o time prioriza definições rápidas, de preferência com arremessos de três pontos ou finalizações próximas à cesta. Essas são consideradas hoje as jogadas mais eficientes do basquete.
Georginho, então, terá de se preparar para, além de correr, atacar o aro e não hesitar na linha de três, praticar com uma calculadora.
A rota até o protagonismo é longa. Neste caso específico, melhor nem fazer contas.
-
RAIO-X
Nascimento
24.mai.1996 (21 anos), em Diadema
Peso e altura
91 kg e 1,96 m
Posição
Ala-armador
Estatísticas
10,8 pontos, 4,2 rebotes e 4,1 assistências em média no NBB