Folha de S. Paulo


Processo seletivo da NBA pode aprovar mais dois brasileiros

Sergio Domingues/NBB/Divulgação
Com final entre Bauru e Paulistano, NBB9 terá campeão inédito
Ala-armador Georginho (esq.) surge bem cotado para o "draft' da NBA

A quinta-feira (22) será longa para dois brasileiros em especial. Candidatos à NBA, o ala-armador Georginho, 21, e o ala Wesley Mogi, 20, ambos do Paulistano, vice-campeão do NBB no último sábado (17), aguardam com ansiedade a realização do "draft", o processo seletivo da liga.

Os dois jogadores esperam que, ao final da cerimônia realizada no ginásio do Brooklyn Nets, em Nova York, seus nomes tenham sido anunciados como uma das 60 escolhas que estão em jogo.

Cinco olheiros internacionais, de diferentes equipes, consultados pela Folha nesta quarta-feira (21) acreditam que Georginho será selecionado. Quatro deles, inclusive, creem em uma promessa feita já ao brasileiro.

Mogi foi avaliado por ao menos cinco franquias e agradou em seus treinamentos. O consenso entre esses scouts: ele ainda correria por fora, mas com chances.

Um lema é repetido entre esses caça-talentos: "Basta que um time faça a escolha". Claro que, quanto mais clubes interessados, maiores as chances. Mas, no final, basta o aval de uma só franquia.

Durante a temporada regular, ao menos 12 franquias enviaram olheiros ao Brasil para avaliar atletas: Atlanta Hawks, Boston Celtics, Dallas Mavericks, Houston Rockets, Indiana Pacers, Los Angeles Lakers, Milwaukee Bucks, New Orleans Pelicans, Oklahoma City Thunder, Philadelphia 76ers, San Antonio Spurs e Utah Jazz.

Outros dois brasileiros aparecem no radar dos scouts: o ala-pivô Lucas Dias, do Paulistano, e o pivô Adriano Big, do Minas Tênis. Nascidos em 1995, eles participam automaticamente do processo de recrutamento.

Tanto Georginho como Mogi seriam alvos de equipes posicionadas na segunda rodada do "draft". Mas o processo é fluido, sujeito a mudanças. Os times podem fazer trocas até mesmo depois de selecionar um jogador.

Os pivôs Nenê e Lucas Bebê, o ala-armador Leandrinho e o armador Raulzinho –quatro dos nove brasileiros que disputaram a última temporada– subiram ao palco da cerimônia anunciados por um time, para, minutos depois, ouvirem que haviam sido negociados.

Nenhum deles, porém, saiu do ginásio reclamando de ter usado o boné do time errado na foto oficial.

DETALHES

Por um ou outro detalhe, os candidatos brasileiros ao "Draft" poderiam nem mesmo ter praticado basquete.

A caminhada de Georginho e Mogi até ficarem próximos da principal liga de basquete do mundo foi sinuosa.

O ala Mogi (assim apelidado em referência a sua cidade natal, Mogi Guaçu) começou a jogar relativamente tarde: aos 16 anos. Não é que antes tivesse jogado em parques ou praças. Ele realmente pegou uma bola de basquete pela primeira vez em 2012, em um projeto social da cidade

Divulgação/Lakers
O ala Wesley Mogi faz um teste pelos Lakers em preparação para o "draft" da NBA.

Dois anos depois, aproveitando-se de capacidade atlética fora do comum e rápido aprendizado, já fazia parte da seleção sub-17. Projetado pela base do Palmeiras, se mudou para o Paulistano.

Nesta mesma seleção estava Georginho. Em cinco jogos pela Copa América, em Colorado Springs (EUA), por coincidência, fizeram o mesmo número de pontos: 67.

O ala-armador nascido em Diadema, porém, começou bem mais cedo. Aos 12 anos, liderou o Associação Clube, de São Bernardo, ao título paulista da categoria mini.

O curioso é que, no que dependesse de seus pais, talvez ele fosse parar em outro tipo de quadra: ambos jogaram vôlei profissionalmente.

Quando decidiram iniciar o filho no esporte, porém, calhou que não havia aulas da modalidade. Acabou inscrito na escolinha de basquete.

Em 2013, chegou ao Pinheiros, onde foi treinado por três anos. Na hora de fazer a transição para o adulto, porém, só foi encontrar espaço no rival Paulistano, pelo qual reencontrou Mogi.

Nesta temporada, ambos foram peças efetivas no NBB pela primeira vez em suas carreiras. Georginho assumiu a posição de armador titular do e deslanchou.

Foi eleito para o Jogo das Estrelas e terminou o ano com médias de 10,8 pontos, 4,1 assistências e 4,2 rebotes. Foi eleito nesta terça-feira (20), inclusive, o jogador que mais evoluiu na liga nacional.

Com 1,95 m de altura e envergadura de 2,13 m, o jogador chamou a atenção dos olheiros inicialmente por conta dos atributos físicos.

Os números agora dão sustância ao que antes se enxergava apenas como potencial. Reforçando: como jogador de basquete. Azar do vôlei.

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ENTENDA O "DRAFT" DA NBA
Processo seletivo de calouros da liga americana

QUEM PODE PARTICIPAR
> Formandos do basquete universitário americano e jogadores internacionais que completem 22 anos na temporada do "draft"

> Também podem se candidatar estrangeiros nascidos entre 1996 e 1998, atletas que estejam em atividade no universitário ou aqueles que saíram do colegial norte-americano, ao menos um ano depois de sua graduação

HISTÓRIA
Realizado desde 1947, o "draft" foi uma opção encontrada pela NBA para tentar manter o campeonato equilibrado. Anualmente, os piores times têm a chance de selecionar os melhores novatos

Editoria de Arte/Folhapress
ENTENDA O

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