Folha de S. Paulo


Corinthians aproveita falhas, bate o São Paulo e segue líder do Brasileiro

Luis Moura/WPP/Folhapress
Romero comemora gol na partida entre Corinthians X Santos, neste sábado (3) na Arena Corinthians na zona leste de São Paulo, válida pela quarta rodada do Campeonato Brasileiro 2017.
O atacante Romero em partida do Campeonato Brasileiro

O cronômetro marcava 12 minutos do 2o tempo quando a bola dividida foi para o alto. Ángel Romero ajeitou o pé, esperou, esperou, esperou e, quando ela caiu, a dominou com o pé direito. Em seguida, com o jogo em andamento, apontou para o chão como quem diz: "eu sei controlá-la."

Os 42 mil torcedores corintianos presentes no Itaquerão vibraram como se fosse um gol. Na tarde em que deixou todas as piadas para trás, Romero foi peça-chave na vitória do Corinthians por 3 a 2 sobre o São Paulo neste domingo (11), pelo Campeonato Brasileiro. Com 16 pontos, a equipe continua líder. Ao exagerar nos erros de passe e nos contra-ataques dados ao adversário, o São Paulo ficou nos nove pontos.

Mais de uma vez, Romero sinalizou para a imprensa estar cansado das brincadeiras sobre o seu futebol. A que ficou mais conhecida foi a foto na conta do Instagram do Corinthians em que ele posava com seu irmão gêmeo Óscar antes de partida contra a seleção brasileira nas eliminatórias. Um usuário comentou que o jeito de descobrir quem era quem seria jogar uma bola na direção da dupla. Quem não a conseguisse dominar, seria o corintiano.

Ao ser substituído, a nove minutos do fim, ele foi aplaudido de pé pela torcida.

Ele esteve envolvido em tudo de bom que o Corinthians construiu em campo. Aos seis, havia aberto o placar ao controlar lançamento de Marquinhos Gabriel (uma prova ainda mais cabal de que sabe dominar a bola) e tocar na saída de Renan Ribeiro. Foi o 20o gol dele no Itaquerão, o maior artilheiro da história do estádio. Incansável pelos lados do campo, fez o papel de dois jogadores. O meia e o lateral.

O São Paulo não tinha um jogador assim. Apesar de ter empatado aos 17 min, em uma cabeçada de Gilberto, o time não era incisivo. Só conseguia criar jogadas se fosse em jogadas semelhantes a do gol: nos cruzamentos na área. Rogério Ceni colocou Bruno no lugar de Lucão e abriu mão da linha de três zagueiros. Quando isso aconteceu, o Corinthians já estava novamente com a vantagem no placar, em lance iniciado por Romero. Gabriel completou para o gol aos 40 min, após Renan Ribeiro espalmar para o meio da área o chute de Jô.

Para a torcida da casa morrer de amores pelo paraguaio, só faltava ele se meter em confusão com um são-paulino. Romero trocou ofensas e empurrões com Júnior Tavares. Agradou de vez porque qualquer torcedor, ainda mais o corintiano, quer ver em campo o jogador que dê tudo pela "causa". E se existiu alguém disposto a isso no Itaquerão no domingo, foi Ángel Romero.

PÊNALTI

O São Paulo teve uma chance para tentar mudar os rumos do clássico no início da etapa final, mas Gilberto finalizou mal. A equipe de Rogério Ceni, ainda em busca de sua identidade, precisava do momento que abalasse a confiança do adversário e desse ao clube do Morumbi a certeza de que vencer em Itaquera, o que nunca aconteceu (são cinco vitórias e dois empates), era possível.

Em vez disso, levou o terceiro ao Romero trocar passes com Jô e deixar o artilheiro corintiano de frente para Renan Ribeiro. O pênalti que resultou da jogada foi convertido por Jadson.

Quando viu a bola entrar, o paraguaio bateu no peito, onde está o escudo do Corinthians e apontou para as organizadas. As gozações sobre sua (falta de) qualidade técnica, no final de tudo, estão lhe transformando em uma figura cult para a torcida do Corinthians. Um herói improvável em uma campanha que o time aparece como favorito ao título nacional. Mas isso só é possível por ser o tipo de jogador que não pensaria duas vezes em dar um peixinho nas travas da chuteira do adversário, se fosse preciso.

Após ele sair de campo, o São Paulo teve seu melhor momento e a entrada de Thomaz deu novo fôlego aos comandados de Ceni. Descontou com Wellington Nem aos 38 e teve posse de bola para fazer pressão. Partiu para o abafa mas, apesar de ter Lucas Pratto (1,87 m) na área, os lançamentos eram na direção de Nem (1,65). Não havia como dar certo.

Um dia já foi dito o mesmo sobre Ángel Romero. Que não havia como ele dar certo no Corinthians. Ou que ele sequer conseguia dominar uma bola. Quem está rindo agora?

CONFIANÇA

Rogério Ceni reconheceu que o esquema com três zagueiros não deu certo no clássico. Mas viu uma diferença principal entre São Paulo e Corinthians neste domingo (11), no Itaquerão: a confiança.

"O Corinthians é bem treinado e está entrosado. Mas há uma diferença importante: confiança. Nós cometemos um número maior de erros. Acho que foi essa a diferença do placar", disse o treinador.

Na quarta (14), o São Paulo enfrenta o Sport, no Recife. Ele afirma que sua equipe precisa melhorar os resultados fora de casa. O time perdeu os últimos três jogos como visitante, o que irritou Lucas Pratto.

"Os dois primeiros gols deles foram por erros nossos. Você joga como visitante, contra o líder e erra tanto... Quando a gente joga fora de casa, sempre perde por erros próprios", queixou-se.


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