O espanhol Rafael Nadal, 31, conseguiu um feito que dificilmente será batido.
Conquistou seu décimo título de Roland Garros na quadra central Philippe Chatrier, em Paris. Aplaudido de pé pelo público e pelo rei da Espanha, Juan Carlos, que estava na tribuna, tornou-se o primeiro tenista com dez troféus de um mesmo Grand Slam.
Impiedoso, Nadal precisou de 2h05 para despachar o suíço Stan Wawrinka (6/2, 6/3 e 6/1) neste domingo (11).
Somente no início do primeiro set teve seu saque ameaçado. Foi uma amostra de seu desempenho ao longo de sete partidas no torneio.
Ele deixa a França com sua mais avassaladora campanha. Não perdeu sets, como em 2008 e 2010, mas desta vez cedeu apenas 35 games aos adversários, menos do que nas tais edições.
"É impossível descrever o que estou sentindo. O nervosismo e a adrenalina que sinto quando jogo nesta quadra são únicos. É o evento mais importante da minha carreira", disse após a vitória.
Além do recorde em Paris, o espanhol superou o americano Pete Sampras em número de taças de Grand Slam, com 15. Só fica atrás do suíço Roger Federer, que tem 18.
À parte o domínio sem precedentes no saibro parisiense, ele também venceu duas vezes em Wimbledon (2008 e 2010), duas vezes o Aberto dos EUA (2010 e 2013) e uma vez o da Austrália (2009).
Com um prêmio de 2,1 milhões de euros (R$ 7,72 milhões), Nadal ainda festejou a conquista de duas posições no ranking mundial.
A partir desta segunda, ele volta ao segundo lugar. Ele fica atrás do britânico Andy Murray, que acabou derrotado em cinco sets por Wawrinka, de virada, na semifinal.
O suíço, que tem três títulos de Grand Slam (um deles em Roland Garros em 2015), segue em terceiro no ranking.
"Rafa está jogando em seu melhor nível no saibro e eu não joguei bem. Hesitei na escolha dos golpes e isso não pode acontecer contra ele", disse Wawrinka, resignado.
Nadal fez história durante a temporada de saibro.
Sagrou-se o primeiro decacampeão de qualquer torneio ao vencer o Masters 1.000 de Monte Carlo. Na sequência, também ergueu pela décima vez a taça do ATP de Barcelona. Agora, em Roland Garros, completou a "tríplice coroa".
Na hora da entrega do troféu após a vitória sobre Wawrinka, o espanhol ganhou uma surpresa: foi chamado à quadra o seu tio, Toni, seu treinador desde os 3 anos.
O técnico já anunciou que deixa o cargo no final desta temporada para cuidar da academia de tênis aberta em Palma de Maiorca pelo sobrinho, com o objetivo de formar novos campeões.
Nadal passará a ser treinado exclusivamente pelo compatriota Carlos Moyá, ex-número 1 do mundo e campeão de Roland Garros em 1998. Atualmente, Moyá já faz parte do seu estafe.
A temporada de 2017 tem sido de recuperação para Nadal, que não venceu torneios Grand Slam e quase deixou o top 10 do ranking em 2016.
PRESA FÁCIL
O jogo teve início equilibrado e só no sexto game o espanhol começou a liderar. Ele conseguiu duas quebras de saque consecutivas e fechou o set em 42 minutos. A tônica se manteve no segundo set, que Nadal fechou com saque a 197 km/h que Wawrinka devolveu para fora.
Muito irritado, o suíço, que já havia chutado uma cadeira, reagiu quebrando sua raquete no meio antes de se encaminhar para o banco.
O terceiro set foi mais fácil. Nadal obteve quebras no primeiro e no último game, jogando-se ao chão para festejar, gesto repetido muitas vezes em suas dez taças.
A organização do torneio certamente esperava vitória do espanhol. Duas grandes bandeiras, uma com o símbolo de Roland Garros e outra com a frase "Bravo Rafa", surgiram na arquibancada superior ao término do jogo.