Folha de S. Paulo


Planejamento de Alexandre Mattos vira alvo de críticas no Palmeiras

Cesar Greco/Fotoarena/Folhapress
SÃO PAULO, SP - 12.05.2017: TREINO DO PALMEIRAS - O diretor de futebol Alexandre Mattos e o técnico Cuca (D), da SE Palmeiras, durante treinamento, na Academia de Futebol. (Foto: Cesar Greco /Fotoarena/Folhapress) ORG XMIT: 1318941 *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
O diretor de futebol do Palmeiras Alexandre Mattos (esq.) e o técnico Cuca

O diretor de futebol Alexandre Mattos é classificado por seus pares nos bastidores como um "superdiretor" pelo poder decisório que acumulou no Palmeiras em tempos recentes. Ele tem autonomia incomum para participar de decisões em diversas áreas do clube, como a formação da equipe médica, o calendário e a logística do time durante o ano e, mais claramente, a formação do elenco. Por isso, atualmente paga o preço pela força que conseguiu.

No Palmeiras, conselheiros cobram o trabalho do dirigente com intensidade no momento em que a equipe tem decepcionado. Sabendo que Mattos decidiu de maneira quase monocrática (reportando-se ao presidente Mauricio Galiotte e pedindo ajuda financeira a Leila Pereira, proprietária da Crefisa e da FAM, empresas que patrocinam o clube) os jogadores que chegaram e saíram, eles comparam os gastos com elenco (gastos salariais de cerca de R$ 15 milhões por mês) e os resultados alcançados em 2017: dificuldades nos jogos importantes; eliminação no Paulista após derrota para a Ponte Preta; 13ª colocação no Brasileiro; além de classificação às quartas da Copa do Brasil e às oitavas da Libertadores.

"Você precisa ter 80 jogadores contratados, que é o que o Palmeiras tem mais ou menos hoje, para jogarem só 15 ou 16? Todo início de temporada trazemos dez jogadores. Ganhamos Copa do Brasil, trouxemos mais dez. Conquistamos o Brasileiro, outros dez. Para quê? É um exagero. Não cabe nem no vestiário, disse à Folha Mustafá Contursi, conselheiro mais influente do clube, em março. Nos bastidores, ele e outras figuras importantes, como o ex-vice-presidente Roberto Frizzo, que também mobiliza número razoável de conselheiros, têm demonstrado a aliados a insatisfação com a montagem do elenco e a performance da equipe. As queixas têm chegado com frequência aos ouvidos do presidente Galiotte.

O problema da decisão do Palmeiras de deixar o planejamento na mão do diretor do futebol é o possível descompasso entre as características dos jogadores e o sistema tático do treinador da equipe. Que é o que parece estar acontecendo no atual momento do time.

A recente declaração de Cuca de que o time piorou em relação a 2016 refere-se a essa dificuldade em fazer com que um elenco formado por jogadores que ele não escolheu absorvam as suas ideias.

Contratação mais badalada, o atacante colombiano Miguel Borja já recebeu chamada de atenção pública por não ajudar tanto na marcação da saída de bola de adversários quanto Cuca gostaria e como Gabriel Jesus fez na última temporada. Diante disso, acabou no banco de reservas o atleta que foi a grande obsessão de Mattos na janela de transferências.

O volante Felipe Melo, único na equipe que teve frisson semelhante ao de Borja na contratação, hoje faz companhia ao colombiano no banco de reservas. Na avaliação do treinador palmeirense, o jogador não tem conseguido se adaptar ao esquema de marcação individual que ele aprecia, deixando buracos na defesa. Por isso, deu lugar a Thiago Santos no time titular.

Na defesa, o técnico perdeu Vitor Hugo (titular na campanha de 2016 pelo lado esquerdo da zaga), que foi vendido para a Fiorentina (ITA), e passa por dificuldades para montar a defesa com Edu Dracena e Zé Roberto, que por terem idade mais avançada sofrem contra ataques mais velozes. Ele ainda aguarda a recuperação física de Luan, contratado junto ao Vasco também por iniciativa de Mattos. Por enquanto, o treinador tem testado Juninho na posição.

No ataque, têm faltado alternativas a Borja e Willian, que ainda não conseguiram se firmar, e o sucesso de Barrios no Grêmio tem inflamado ainda mais os conselheiros palmeirenses. Mattos é cobrado também pela dispensa do centroavante paraguaio.

Nesta quarta-feira (7), o Palmeiras enfrentará o Coritiba (19h30, Pay-Per-View) com diversos desfalques: Dudu, Guerra, Jean e Edu Dracena serão poupados, e Mina e Borja foram convocados para a seleção da Colômbia.

NA TV
Coritiba x Palmeiras
19h30: Pay-per-view

NOVOS CONTRATADOS E DIFICULDADES TÁTICAS

Guerra
Ainda se adaptando ao ao inchado calendário do futebol brasileiro, o cerebral meia venezuelano tem sofrido com a intensidade do estilo de jogo de Cuca e seu desempenho tem caído no segundo tempo das partidas

Partidas:18 Gols:3

Michel Bastos
Era mais aproveitado como titular pelo antigo treinador, Eduardo Baptista, que o escalava na linha dos meias, do que por Cuca, que o vê mais como uma opção para a lateral esquerda ou ala. Ainda não se firmou na equipe

Partidas: 23 Gols: 2

Felipe Melo
Chapéu de Mattos no rival São Paulo, caiu nas graças da torcida rapidamente. Entretanto, Cuca vê dificuldades no jogador em se adaptar ao modelo de marcação individual, e por isso colocou-o no banco de reservas no último domingo

Partidas: 23 Gols:2

Borja
Obsessão de Mattos após se destacar na Libertadores de 2016, o atacante veio ao custo de R$ 33 milhões, para ser o substituto de Gabriel Jesus. Não tem jogado bem, marca menos do que Cuca gostaria e atualmente está no banco de reservas

Partidas: 19 Gols: 6


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