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Sem verba e a um mês de seletiva, basquete atrasa definição de técnicos

Danilo Verpa/Folhapress
CAMPINAS - SP - 26.07.2016 - O treinador Antonio Carlos Barbosa. Treino da Selecao Feminina de Basquete em Campinas, que se prepara para os Jogos Olimpicos Rio 2016. (Foto: Danilo Verpa/Folhapres, ILUSRTADA)
Técnico da seleção feminina no Rio-2016, Barbosa agora ajuda na busca por novo nome

Livre da suspensão imposta pela Fiba (federação internacional) de novembro a junho, a CBB (Confederação Brasileira de Basquete) encontra-se no limite para definir as comissões técnicas de suas seleções às vésperas de importantes campeonatos.

A um mês do início da Copa América feminina em Buenos Aires, a seleção ainda não tem técnico definido.

O torneio será realizado de 7 a 13 de agosto e classifica as três primeiras colocadas para a Copa do Mundo da Espanha, em setembro de 2018.

O Brasil terá pela frente rivais difíceis pela vaga, como Canadá, Cuba e Argentina. Na última edição, em 2015, a seleção foi apenas a quarta colocada, atrás exatamente destas rivais, na sequência.

A CBB pretende anunciar o novo técnico para a equipe no máximo até sexta-feira (7).

Dois nomes envolvidos no processo seletivo são o ex-treinador Antônio Carlos Barbosa, 72, e o ex-pivô Marquinhos Abdalla. Os dois fazem parte de um comitê informal que trabalha na estruturação do departamento técnico.
"Esperamos fazer o anúncio do técnico do feminino 'ontem'", disse Abdalla.

Barbosa comandou a seleção nos Jogos Olímpicos do Rio e teve outras duas passagens pelo time –entre 1976 e 1984 e de 1996 a 2007.

À Folha, ele afirmou que não trabalharia mais em quadra com a equipe. "Prestei um socorro na última Olimpíada, mas agora já passou."

O mais provável é que seja recrutado um treinador nacional, porque a confederação não tem caixa para tentar contratar um estrangeiro.

Antônio Carlos Vendramini desponta como um nome interessante para a confederação pela experiência e por já ter treinado a equipe nacional.

Desde março, a CBB é presidida por Guy Peixoto. Ele entrou no lugar de Carlos Nunes, que entre 2009 e 2016 fez as dívidas da entidade chegarem perto de R$ 20 milhões.

A má gestão de Nunes fez com que a confederação perdesse seu principal patrocinador, o Bradesco, e recebesse suspensão da Fiba –o que também levou o Comitê Olímpico do Brasil a suspender repasse de verba da Lei Piva prevista para esta temporada.

"Não temos praticamente nenhuma verba. A montagem das comissões técnicas ficou complicada", disse Abdalla.

A definição do técnico da seleção masculina é menos urgente que a das mulheres, mas nem por isso deixa de ser preocupação para a CBB.

A equipe disputará a primeira fase da Copa América de entre 25 e 27 de agosto em Medellín, na Colômbia.

Diferentemente do feminino, porém, a competição não vai classificar para a Copa do Mundo de 2019, na China.

A entidade planeja fazer o anúncio na próxima semana, mas não chegou a consenso em relação a uma indicação.

A Folha apurou que o ex-jogador Marcel está entre os cotados por ser próximo ao presidente Peixoto e representar opção pouco custosa. Um novo estrangeiro para assumir o cargo, depois do espanhol Moncho Monsalve e do argentino Rubén Magnano ainda está na pauta também.

Ele tem experiência na direção de clubes. Comandou o Pinheiros, por exemplo. Outro cogitado é Guerrinha, do Mogi das Cruzes, seu ex-companheiro de seleção brasileira.

SAIBA MAIS

A Fiba usou uma dívida contraída pela confederação brasileira como gatilho para suspendê-la em novembro do ano passado por entender também que o órgão precisava se reestruturar, adaptar seu estatuto e reordenar sua situação financeira.

Com a punição, seleções nacionais, clubes e até árbitros do país ficaram impedidos de participar de torneios organizados pela federação.

O dano aos clubes foi a exclusão da última edição da Liga das Américas.

O gancho custou às seleções masculina e feminina sub-19 vagas para os Mundiais obtidas em quadra.

Como consequência de longo prazo, os times sub-15 foram barrados dos Sul-Americanos, perdendo todo um ciclo de desenvolvimento.

A sanção só caiu no último dia 21 de junho. A Fiba avaliou que houve avanços feitos pela gestão de Guy Peixoto. De momento, as seleções brasileiras estão liberadas para jogar.

Entretanto, a Fiba fez exigências para que a liberação seja mantida. Entre elas estão adaptações no estatuto da CBB, comprovação de viabilidade financeira e um plano de trabalho para a base.

Outro item na pauta da Fiba é o monitoramento da relação da CBB com a LNB (Liga Nacional de Basquete), entidade de clubes que administra o principal campeonato do país, o NBB.


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