Folha de S. Paulo


Apático, São Paulo perde para o Cruzeiro em estreia no Brasileiro

Eduardo Anizelli/Folhapress
BELO HORIZONTE, MG, BRASIL, 14-05-2017: Jogo entre Cruzeiro e Sao Paulo, valido pela primeira rodada do Campeonato Brasileiro, no estadio Mineirao, em Belo Horizonte. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress, ESPORTE)
Cruzeirenses comemoram gol em vitória contra o São Paulo por 1 a 0 neste domingo (14)

Os números podem até ser favoráveis na autoavaliação de Rogério Ceni, mas o São Paulo sob o comando do ídolo carece de algo que foge à estatística: sintonia.

Abalado após três eliminações seguidas em mata-matas no ano, a esperada reação imediata já na abertura do Brasileiro não veio. Uma falha defensiva infantil decretou mais uma frustração do time tricolor, batido pelo Cruzeiro por 1 a 0, no Mineirão, gol do atacante Ábila.

Os mineiros foram responsáveis por parte da dor de cabeça de Ceni nesses cinco meses de trabalho, ao eliminar o São Paulo da Copa do Brasil. Agora, derrubaram o aproveitamento do técnico para 56% - são 11 vitórias, nove empates e cinco derrotas.

Não foi por falta de tentativa que a equipe não reagiu. Ceni levou a campo uma nova formação, com o jovem Eder Militão, 19, ao lado de Maicon e Rodrigo Caio. Foi a primeira vez que iniciou um jogo oficial com três zagueiros.

Cruzeiro x São Paulo

"Fiz na Florida Cup (torneio amistoso vencido pelo São Paulo em janeiro), queria ver o Cruzeiro sair mais para o jogo. Mudamos em função disso, mas treinamos durante a semana para executar no jogo", explicou o treinador, sobre a alteração tática.

Para Ceni, isso daria mais liberdade a Júnior Tavares e Thiago Mendes no apoio ofensivo, juntando-se ao trio de ataque composto por Cueva, Marcinho e Lucas Pratto.

A novidade não teve o resultado esperado. Coletivamente, a defesa se comportou bem. Do meio para a frente, a transição para o ataque era lenta e sempre buscando as beiradas do campo.

O São Paulo mostra sinais de desmotivação, aliados à má fase de alguns de seus principais jogadores. Cueva, exaltado no início do ano, teve atuação sofrível e foi substituído no intervalo por Luiz Araújo. Rodrigo Caio, enganado pelo quique da bola no primeiro tempo, viu Renan Ribeiro salvar sua pele ao bloquear um chute à queima roupa de Ábila.

Mas foi seu parceiro de zaga, Maicon, quem cometeu o erro capital. Distraído, viu (ou não viu) a cobrança rápida de lateral passar pelas costas. Alisson cruzou para Ábila fazer o gol decisivo, aos dois minutos do segundo tempo.

"Em tese, um jogador não pode escapar livre daquela posição. Não posso ainda dizer se houve falha ou não. Talvez faltou um pouco mais de atenção", disse Ceni.

"Futebol é detalhe, e a gente falhou nos detalhes", resumiu Rodrigo Caio.

No prejuízo, Ceni desfez o trio defensivo, trocando Militão por Thomaz, e depois Marcinho por Gilberto. O Cruzeiro se fechou atrás e arriscou alguns contra-ataques. O São Paulo dos passes e do controle do jogo apelou para o desespero dos cruzamentos na área. Não adiantou.

Ao menos uma mudança de postura já pôde ser vista após o apito final. Rogério Ceni deixou os números de lado e tentou não confrontar jornalistas durante a entrevista coletiva. E mostrou a objetividade que tem faltado a seus comandados.

"Concordo que não é nosso melhor momento. Não vejo uma temporada ruim. Foram os resultados ruins, pontuais, que nos tiraram das competições", atestou.

Quem sabe na próxima rodada do Brasileiro, diante do Avaí, domingo (21), às 11h, no Morumbi, seja possível ver outro tipo de postura também em campo.


Endereço da página:

Links no texto: