A natação brasileira vai dobrar a previsão inicial de oito representantes no Mundial de Budapeste, em julho, principal competição depois dos Jogos Olímpicos do Rio.
Apesar de ter informado anteriormente que só levaria oito atletas para a competição, o comando técnico da CBDA (confederação de esportes aquáticos) chegou ao consenso de que é viável enviar 16 nadadores à Hungria após a realização do Troféu Maria Lenk, na última semana.
Com o aumento da equipe, Cesar Cielo será convocado para disputar os 50 m livre. Ele também nadará o revezamento 4 x 100 m livre.
A possibilidade de o velocista competir no evento individual só ocorrerá devido ao aumento da lista, já que seu tempo na prova o havia deixado fora do bloco dos oito melhores índices técnicos.
O anúncio do time será feito nesta quinta (11), após reunião do coordenador geral da entidade, Ricardo Prado, dos técnicos Alberto Pinto da Silva e Fernando Vanzella e do coordenador de natação, Rômulo Noronha.
O COB (Comitê Olímpico do Brasil), que ajudou a confederação a organizar o Maria Lenk -cobriu mais de R$ 100 mil dos R$ 450 mil em custos-, também vai auxiliar a cobrir os gastos com o envio de atletas para a competição.
Em novembro passado, a CBDA, em comunicado assinado por seu ex-presidente Coaracy Nunes, hoje preso sob acusação de improbidade administrativa, estabeleceu o limite de oito nadadores, a serem selecionado pelo índice técnico (estipulado de acordo com o tempo obtidos pelo atleta em comparação com o recorde mundial da mesma prova) em provas olímpicas em seletivas nacionais. Provas não olímpicas não entrariam na lista.
Satiro Sodré/SSPress/CBDA | ||
Cesar Cielo no Troféu Maria Lenk, no Rio |
A política restritiva se deu porque a entidade perdeu patrocínio do Bradesco e viu redução de 70% no contrato com os Correios para 2017/18.
O nadador com performance mais destacada foi Felipe Lima, nos 100 m peito. Seus 59s32 lhe renderam 930 pontos. Cielo foi o 15º pela marca nos 50 m livre (21s79, a sexta do mundo nesta temporada, que valeu 883 pontos).
Entre as mulheres, Etiene Medeiros, Joanna Maranhão e Manuella Lyrio também vão integrar a comitiva.
A Folha apurou que a confederação tem dotação orçamentária de cerca de R$ 400 mil. A maior parte disso vem de recursos da Lei Piva, com dinheiro público arrecadado pelas loterias federais, que são distribuída pelo COB.
O comitê olímpico também pode ajudar com algum recurso adicional para a viagem. O orçamento para a delegação de nadadores prevê uma aclimatação na cidade portuguesa de Rio Maior antes da ida definitiva para a Hungria.
O Brasil já fez preparação no local antes do Mundial de Kazan, na Rússia, em 2015.
A confederação obteve uma redução no preço de locação de parte do complexo português.
CONCESSÃO
Nicholas Santos, 37, será o único brasileiro enviado para nadar uma prova que não faz parte do programa olímpico. A decisão foi tomada porque o veterano cravou 22s61 nos 50 m borboleta, a segunda melhor marca de toda a história do evento.
Com isso, a CBDA abriu uma exceção na estratégia de só investir em provas disputadas em Jogos Olímpicos. A entidade avalia que Nicholas tem grande chance de pódio, o que é importante em meio ao momento de crise técnica e institucional no esporte.
Outra adição será a inscrição de revezamentos, que, em princípio, estavam indefinidos -principalmente o 4 x 100 m livre masculino.
Mas, agora, somados os tempos dos quatro primeiros colocados na seletiva, avaliou-se que o quarteto deve disputar a prova. Gabriel Santos, Marcelo Chierighini, Bruno Fratus e Cielo comporão o time cuja projeção de tempo é inferior só à da Austrália.
Um 17º nome ainda pode entrar na lista. Seria o de Vinícius Lanza, especialista nos 100 m borboleta, que ficou na 16ª posição na relação de melhores índices técnicos.
Antes do Troféu Maria Lenk, a CBDA já admitia a possibilidade de alargar a equipe, o que foi decretado depois dos resultados no evento, no Rio. Foram obtidas 18 marcas entre dez melhores do mundo.
Investir em provas não olímpicas gera controvérsia entre nadadores do Brasil.
"Levar atletas para serem medalhistas em provas não olímpicas é retrocesso. O Brasil tem que se focar nas olímpicas", diz Felipe Lima, melhor tempo nos 100 m peito.
"Precisamos de medalhas. É o que vai nos ajudar a recuperar a credibilidade. Se tivermos chance de voltar do Mundial cheios de medalhas, temos que agarrar", afirmou Cielo.
Para Guilherme Guido, o Brasil "tem uma cultura em provas de 50 m [não olímpicas]". "Não dá para mudar de uma hora para outra."
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CONFIRA A EQUIPE DO BRASIL NO MUNDIAL
Paulo Campos/Folhapress | ||
Felipe Lima, do Minas Tênis Club, um dos representantes do Brasil no Mundial de Budapeste |
Felipe Lima
100 m peito - 59s32 Terceiro tempo do mundo na temporada
Gabriel Santos
100 m livre - 48s11
Terceiro tempo do mundo na temporada
João Gomes Júnior
100 m peito - 59s41
Quinto tempo do mundo na temporada
Thiago Simon
200 m peito - 2min10s78 (obtida em 2016)
Não está entre os 20 melhores tempos da temporada
Leonardo de Deus
200 m borboleta - 1min54s91
Quarto tempo do mundo na temporada
Marcelo Chierighini
100 m livre - 48s46
Décimo tempo do mundo na temporada
Henrique Martins
100 m borboleta - 51s57
Quarto tempo do mundo na temporada
Guilherme Guido
100 m costas - 53s78
13º tempo do mundo na temporada
Brandonn Almeida
400 m medley - 4min12s49
(obtida em 2016)
Seria sétimo tempo na temporada
Revezamento
4 x 100 m livre
(Gabriel Santos, Marcelo Chierighini, Bruno Fratus, Cesar Cielo)
Os tempos somados das provas individuais põem o Brasil como segundo melhor do mundo no ano
PENDÊNCIA
Vinicius Lanza, do Minas
100 m borboleta - 52s02
O jovem nadador tem o 16º tempo pelo critério técnico, mas a definição sobre sua ida ou não deve ocorrer apenas na quinta-feira (11)
QUEM VAI ENTRAR NO BLOCO DOS EXCEDENTES
Joanna Maranhão
400 medley - 4min38s63
12º tempo na temporada
Bruno Fratus
50 m livre - 21s70
Quarto tempo na temporada
Manuella Lyrio
200 m livre - 1min57s34
15º tempo na temporada
Guilherme Costa
1.500 m livre - 15min06s35
16º tempo na temporada
Etiene Medeiros
50 m livre - 24s73
Oitavo tempo na temporada
Cesar Cielo
50 m livre - 21s79
Sexto tempo na temporada
Nicholas Santos
50 m borboleta - 22s61
A CBDA em princípio não convocaria atletas de provas não olímpicas, como os 50 m borboleta, mas fará uma concessão neste caso pela marca obtida pelo veterano de 37 anos, que é o melhor tempo do mundo no ano e segundo melhor da história