Folha de S. Paulo


Cielo fica em terceiro e vê 'pupilo' conseguir 3ª melhor marca do ano

Mauro Pimentel/Folhapress
Gabriel Santos comemora vitória nos 100 m livre no Troféu Maria Lenk
Gabriel Santos comemora vitória nos 100 m livre no Troféu Maria Lenk

Principal nome da natação brasileira, Cesar Cielo, 30, ficou em terceiro (48s92) na final dos 100 m livre do Troféu Maria Lenk, prova na qual é recordista mundial (46s91).

Desta vez, porém, o exigente velocista não se enfureceu por obter apenas o bronze.

Sobretudo porque viu, duas raias ao lado, Gabriel Santos, 21, triunfar com a marca de 48s11, a terceira melhor do mundo nesta temporada -o segundo colocado foi Marcelo Chierighini (48s76).

O jovem e o veterano dividem a piscina nos treinos do Pinheiros, em São Paulo, desde fevereiro, e a parceria rendeu os primeiros frutos.

"Estou vivendo um sonho. Eu tenho de agradecer ao Cesar. Desde que ele veio para o clube, me deu vários toques na parte técnica, como virada e chegada", disse Santos.

"Melhorei muito graças à ajuda dele para obter um resultado deste", completou.

O novato não é exatamente uma surpresa. No ano passado, assegurou a quinta vaga para o revezamento 4 x 100 m livre nacional para os Jogos Olímpicos do Rio.

Inicialmente escalado para disputar apenas as eliminatórias da prova olímpica, ele foi tão bem que nadou a final. A equipe brasileira terminou na quinta posição.

Aquela participação na Olimpíada ajudou a formar o velocista que agora se inseriu entre os melhores do mundo.

Em 2017, foram mais rápidos do que Santos apenas o britânico Duncan Scott (47s90) e o australiano Cameron McEvoy (47s91). "Não tinha uma forma melhor de comemorar meu aniversário. Cada cada melhora me motiva mais. O objetivo é 47s, quase saiu aqui, e vou treinar muito", disse o velocista, que fez 21 anos na terça (2).

A CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) vai anunciar a equipe para o Mundial de Budapeste na próxima quinta (11).

Em princípio, só os oito atletas com melhor índice técnico serão convocados. Mas a confederação deve receber ajuda do COB (Comitê Olímpico do Brasil) para aumentar a delegação. Pela expressividade do tempo obtido, Santos deve ser convocado.

Os 48s11 registrados nesta quinta lhe renderiam a sétima posição na Olimpíada.

"Se eu for para o Mundial, vou treinar demais para buscar uma medalha", emendou.

Na condição de mentor, Cielo aprovou o desempenho.

"Como eu não nadei o que eu queria, estou feliz pelo Gabriel ter baixado meio segundo de seu tempo", comentou.

Satiro Sodré/SSPress/CBDA
Cesar Cielo. Trofeu Maria Lenk. Parque Aquatico Maria Lenk. 04 de Maio de 2017, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Foto: Satiro Sodré/SSPress/CBDA
Cesar Cielo durante prova no Troféu Maria Lenk, no Rio

O veterano, que nesta terça voltou a nadar uma prova individual depois de um ano -ficou nove meses parado após não se classificar para a Rio-2016-, estava insatisfeito, mas pouco tem a reclamar.

Os 100 m livre deixaram de ser sua prioridade nos Jogos de 2012, quando Cielo disputou pela última vez a prova no cenário internacional.

Mas há grande chance de que ele e Santos voltem a disputá-la no futuro, mas juntos. Com os tempos dos quatro melhores do país nas seletivas para o Mundial de Budapeste, o Brasil tem o segundo revezamento mais rápido do mundo, atrás somente da Austrália -Santos é o mais veloz e Cielo o quarto, atrás de Chierighini e Bruno Fratus.

A CBDA deve optar por levar a equipe para a Hungria.

Cielo, agora, foca seus esforços para os 50 m borboleta, nesta sexta (5), e para os 50 m livre, neste sábado (6), suas provas prioritárias.

"Nos próximos dois dias é uma ida só, tem que olhar pro lado e bater na borda", disse.

Indagado sobre o longo período afastado, afirmou que estava "nervoso". Até janeiro, o campeão olímpico dos 50 m livre em Pequim-2008 não sabia se retornaria. Depois de refletir, fechou acordo para defender o Pinheiros, clube no qual se projetou e onde encontrou Santos, que agora segue seus passos.

"Sinto falta dessa adrenalina pré-prova, desta tensão que a gente sente e o desafio. É bom estar de volta", disse.

RECORDES

Se nos dois primeiros dias de Troféu Maria Lenk os problemas de estrutura roubaram o foco, nesta quinta-feira (4) os atletas foram protagonistas.

Foram registrados dois recordes sul-americanos e vários tempos entre os melhores do mundo nesta temporada.

Joanna Maranhão, nos 200 m borboleta (2min09s22), e Jhennifer Conceição, nos 50 m peito (30s63), obtiveram novas marcas continentais.

"É incrível", resumiu Joanna, que havia melhorado tempos nos 400 m e 200 m livre.

"Era uma marca que queria bater havia muito tempo", complementou Jhennifer.

Com 26s83, segundo tempo do mundo em 2017, João Gomes Júnior venceu os 50 m peito masculino. "Medalha, é isso o que me alimenta para o Mundial", afirmou ele, que deve ser convocado para nadar os 100 m peito em Budapeste.

Nos 200 m borboleta, Leonardo de Deus fez (1min54s91), o melhor registro da carreira, que equivale ao quatro lugar do mundo na temporada.

"Poucos no planeta nadam abaixo de 1min55s, o que prova que posso buscar minha tão sonhada medalha em Tóquio, em 2020", vaticinou.

Nos 50 m costas, Etiene Medeiros cravou a quinta melhor marca do ano (27s62) no feminino, enquanto Guilherme Guido fez a quarta no masculino (24s72).

NA TV
Troféu Maria Lenk
19h SporTV 3


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