Folha de S. Paulo


Autor de ataque a ônibus do Borussia Dortmund não era extremista, mas 'especulador', dizem autoridades alemãs

BBC/Brasil
Bombas quebraram as janelas e estouraram os pneus do ônibus
Bombas quebraram as janelas e estouraram os pneus do ônibus

O autor do ataque ao ônibus do time do Borussia Dortmund, na Alemanha, em abril deste ano, não era um radical islâmico, mas um especulador russo que esperava lucrar com a queda das ações do time, informaram autoridades alemãs.

O homem, de 28 anos, identificado apenas como Sergej W., estava hospedado no mesmo hotel do time. De seu quarto, era possível ver a rua onde a explosão ocorreu.

Duas pessoas receberam atendimento médico depois de três bombas explodirem perto do ônibus.

O jogador espanhol Marc Bartra precisou ser submetido a uma cirurgia no pulso e um policial foi medicado por estar em choque.

Após o ataque, que ocorreu em 11 de abril deste ano, a partida do Borussia Dortmund contra o Monaco pela Champions League foi atrasada em um dia, o que levou muitos torcedores do Borussia a abrir as portas de suas casas para acomodar torcedores do Monaco.

Inicialmente, a polícia tratou a explosão como um ataque terrorista, após cartas terem sido encontradas perto do local do ataque, indicando conexões com o grupo autodeclarado Estado Islâmico (EI).

Um dia depois, um iraquiano de 25 anos com "ligações com o fundamentalismo islâmico" foi detido.

No entanto, na semana seguinte, investigadores começaram a suspeitar das motivações jihadistas por trás da explosão.

Eles afirmaram que as cartas encontradas no local foram uma tentativa de enganá-los.

Em um comunicado divulgado nesta sexta-feira (21), o gabinete do Procurador-Federal da Alemanha disse que o homem de 28 anos, que tem nacionalidade russa e alemã, foi indiciado por tentativa de homicídio.

BBC/Brasil
Explosão ocorreu em 11 de abril; jogador espanhol Marc Bartra precisou ser submetido a cirurgia no pulso
Explosão ocorreu em 11 de abril; jogador espanhol Marc Bartra precisou ser submetido a cirurgia no pulso

Na manhã desta sexta, ele foi preso por um grupo de elite da polícia alemã perto de Tübingen, no Estado de Baden-Wuerttemnberg, no sudoeste da Alemanha.

Segundo a polícia, o suspeito havia comprado 15 mil opções de venda das ações do Borussia –a um custo total de 78 mil euros (R$ 263 mil). Ele apostava que lucraria com a provável queda dos papéis depois do ataque.

O homem estava no mesmo hotel da equipe, o L'Arrivée, em Dortmund, no dia do ataque e mudou-se para um quarto no último andar, do qual era possível ver a rua onde a explosão aconteceu, informaram as autoridades.

O suspeito fez a aposta no dia 11 de abril usando um dos endereços IP do hotel, depois de contrair um empréstimo.

O QUE SÃO OPÇÕES DE VENDA?

Uma opção de venda de uma ação ou de outro ativo é um contrato que permite ao investidor vender o papel por um determinado valor e em um determinado dia combinados no futuro.

Se o valor cair antes disso, o investidor pode então pagar menos pelo ativo no mercado aberto e vendê-lo mais caro, embolsando a diferença.

EXPLOSÃO E QUEDA DE AÇÕES

Os investigadores disseram acreditar que três dispositivos cheios de pinos de metal estavam escondidos e foram detonados quando o ônibus passou.

A explosão aconteceu a cerca de 10 km do Westfalenstadion –chamado oficialmente de Signal Iduna Park– em Dortmund, uma hora e 30 minutos antes do início da partida.

Imagens registradas após o momento do ataque mostram a janela do ônibus quebrada e pneus estourados.

Torcedores que estavam no estádio, com capacidade para 80 mil pessoas, foram aconselhados a permanecer no local até que a polícia liberasse a área. Eles foram evacuados com segurança.

Depois do ataque, as ações do Borussia tiveram uma ligeira queda, passando de 5.738 euros (R$ 19,3 mil) para 5.421 euros (R$ 18,3 mil).

Os papeis chegaram a se recuperar, mas voltaram a cair depois que o time foi eliminado da Champions.


Endereço da página: