Folha de S. Paulo


Com apoio do Ricardo Teixeira, CBF negocia parceria com magnata indiano

Carl Court/AFP
Lalit Modi após audiência em tribunal na Inglaterra, em 2012
Lalit Modi após audiência em tribunal na Inglaterra, em 2012

O magnata indiano Lalit Modi negocia com a CBF uma parceria comercial. Na terça-feira (18), ele apresentou à cúpula da entidade o seu mais conhecido projeto: a criação e expansão da mais famosa liga de críquete da Índia. Em sua visita ao Rio, ele foi ciceroneado por Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF.

A Folha apurou que o empresário indiano pretende trabalhar com a confederação na internacionalização do futebol brasileiro.

A CBF negocia atualmente a venda dos direitos televisivos dos seus amistosos, além de ter projetos para lucrar mais com a sua marca.

A entidade que comanda o futebol nacional nega a negociação com o polêmico cartola.

Em nota, a confederação informou que Modi fez apenas "uma visita de cortesia para conhecer a CBF e apresentar como foi sua experiência de formação e expansão da liga de críquete indiana nos mercados interno e externo".

Nesta quinta-feira (20), ele voltou ao prédio da CBF e visitou o museu da entidade.

Na terça-feira (18), Modi chegou a ganhar das mãos do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, uma camisa oficial da seleção brasileira com o tradicional número dez e o seu primeiro nome estampado nas costas.

Em sua conta no Instagram, o empresário disse que estava "tremendamente honrado por ser recebido pelo presidente Del Nero e sua diretoria". Nas fotos postadas, Modi aparece também com Walter Feldman, secretário-geral da entidade, coronel Nunes, vice-presidente, e Rogério Caboclo, diretor executivo de gestão da CBF.

"Foi fascinante passar o dia com eles", acrescentou o empresário, criador da IPL (Indian Premier League). No país apaixonado pelo críquete, o torneio é um grande sucesso comercial.

Na década passada, ele formatou a competição especialmente para a televisão. Criticado pelos puristas do esporte, o empresário adotou uma versão condensada da modalidade, que reduzia o jogo, que poderia durar um dia, para três horas na TV.

Além disso, ele atraiu para o torneio estrelas de Bollywood (indústria de cinema indiano), algumas são donas de times. Em 2016, a Liga foi avaliada em cerca de US$ 4 bilhões (R$ 12,6 bilhões).

ENRIQUECIMENTO ILÍCITO

Apesar do sucesso da liga de críquete, Modi foi afastado do comando da entidade em 2010. Ele foi acusado de enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro e recebimento de propina na venda dos contratos de direitos televisivos e para a exibição do torneio na internet. O indiano nega as acusações das autoridades do seu país.

Del Nero também é acusado pelo FBI (a polícia federal americana) de receber propina na venda de torneios no Brasil e no exterior. Comandante da CBF por mais de duas décadas, Ricardo Teixeira também é acusado dos mesmos crimes. Os brasileiros também negam as acusações.

No Rio, Teixeira e o empresário indiano foram vistos em vários lugares turísticos.

Sem poder voltar ao seu país, Modi vive na Inglaterra. Ele também costuma passar temporadas em países do Oriente Médio.

Autoridades da Índia tentam a extradição de Modi desde 2016, após a aprovação do pedido em um tribunal de Mumbai. Em março, ele obteve uma vitória após a Interpol (polícia internacional) se recusar a acionar um alerta para extraditar o empresário.

Ele alega ter ter recebido ameaças de morte no país.

Em sua conta no Twitter, Modi comemorou a decisão da polícia internacional.

"A espada que pendia sobre minha cabeça de repente desapareceu", afirmou em postagem.


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