Folha de S. Paulo


No Cruzeiro, Mano Menezes enfrenta o São Paulo tentando voltar ao topo

Mano Menezes, 54, tem um tom de voz monocórdico. Não muda quando está irritado ou feliz. Mas quem o ouve consegue captar o tom de ironia ao ser questionado sobre a análise de Rogério Ceni.

Para o técnico do São Paulo, o primeiro confronto contra o Cruzeiro de Mano, pela Copa do Brasil, na semana passada, foi equilibrado. A diferença foi a equipe mineira ter conseguido fazer "dois gols de bola parada". O Cruzeiro venceu por 2 a 0.

"Eu já usei esse tipo de argumentação para proteger meus jogadores. Para dizer que as coisas não são tão ruins assim. Na vitória, você exalta o que aconteceu. Na derrota, minimiza. É um raciocínio simplista, mas não condeno quem o usa", disse o treinador à Folha.

Os rivais voltam a se enfrentar nesta quarta-feira (19), às 19h30, no Mineirão. Para se classificar, o Cruzeiro pode até perder pela diferença mínima. O São Paulo deve ganhar por três gols de vantagem. Dois servem, desde que seja a partir de 3 a 1.

Mano está no meio de processo de reconstrução do Cruzeiro. Ele retornou em junho de 2016. O time estava na zona de rebaixamento do Brasileiro. Terminou em 12º.

Ele havia sido contratado em setembro de 2015. Saiu após 16 partidas para dirigir o Shandong Luneng (CHN).

"No ano passado, fizemos a quinta melhor campanha do returno do Brasileiro. Isso mostrava que o Cruzeiro tinha elenco para brigar", afirma. "Agora é o momento de voltar a brigar por títulos."

No Campeonato Mineiro, está na semifinal. Nesta quarta, pode chegar às oitavas de final da Copa do Brasil.

IDEIA

Mano sabe o motivo para o time ter reagido sob o seu comando. Os atletas compraram sua ideia de jogo. É discurso muito comum entre os treinadores, mas difícil de ser colocado em prática.

"Convencer o jogador é uma das partes mais importantes. Diante de ti, estão 30 jogadores diferentes, com maneiras de ver o jogo diferentes e pensamentos individuais. O treinador precisa unir isso em uma equipe."

Técnico de equipes profissionais desde 1997, Mano enfrenta novamente o "novato" Rogério Ceni, que estreou no comando do São Paulo neste ano. E não há qualquer sinal de que o cruzeirense planejar mudar sua estratégia.

O espírito é o mesmo de 2007, quando dirigia o Grêmio. Ele eliminou o Santos na semifinal da Libertadores e rebateu as reclamações de Vanderlei Luxemburgo, então treinador da equipe paulista, que havia dito que os gaúchos apenas se defenderam. Mano respondeu: "Marcar bem também é bonito".

Ele também rejeita os rótulos do profissional que "estudou" ou o que "não estudou".

"A discussão sobre os técnicos ficou superficial. Como em qualquer profissão, você precisa dominar o conteúdo teórico. Se você tem interesse [em aprender], pode fazer isso no Brasil. Outros entendem que devem ir para a Europa", completa.

Em entrevista à Folha, em maio de 2014, Mano disse ter certeza de que o Brasil seria campeão mundial daquele ano com ele como técnico. Substituído por Luiz Felipe Scolari, não teve chance de provar isso. Mas está contente com a equipe de Tite.

"A seleção mostra que a gente sempre tem potencial de melhora a curto prazo. Temos material humano. O que faz a diferença é a execução do trabalho e ter credibilidade com os jogadores."

SÃO PAULO

O elenco do São Paulo sabe que poderá ser alvo de protestos da torcida em caso de derrota na quarta (19).

O time perdeu os dois últimos jogos em casa e ouviu vaias no domingo, contra o Corinthians.

"Estamos acostumados. A torcida estará certa se cobrar", disse Jucilei.

NA TV
Cruzeiro x São Paulo
19h30 Fox Sports


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