Folha de S. Paulo


Leco é reeleito e ficará na presidência do São Paulo até o final de 2020

Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, 79, foi reeleito pelos conselheiros do São Paulo para a presidência do clube. Seu mandato agora irá até 31 de dezembro de 2020.

Em votação realizada nesta terça-feira (18), no Salão Nobre do Morumbi, o mandatário venceu a disputa contra o advogado José Eduardo Mesquita Pimenta, 78, por 124 votos a 101. Ninguém votou em branco e quatro conselheiros estavam ausentes. Roberto Natel será o vice-presidente até o fim da gestão.

"Estou imensamente feliz por ter conquistado meu próprio mandato", disse Leco no discurso da vitória, referindo-se à forma com que entrou no cargo, em outubro de 2015.

Então presidente do Conselho Deliberativo do São Paulo, ele substituiu o ex-presidente Carlos Miguel Aidar, que renunciou ao cargo sob acusação de corrupção.

O dirigente ficou como presidente interino por 14 dias. No dia 27 de outubro daquele ano, derrotou em uma eleição extraordinária Newton Luiz Ferreira, mais conhecido como Newton do Chapéu, oficializando assim o início do seu primeiro mandato.

"Essa continuará sendo uma gestão limpa, porque ela foi limpa. Será uma gestão aberta ao diálogo, fruto do que construímos nessa campanha e das coisas que nos norteiam. Sei que o trabalho que temos é imenso, mas vendo vocês todos agora sinto as energias renovadas. Me sinto um garoto de 18 anos com fome de bola. Porque a fome de bola é o que move o São Paulo", afirmou Leco após ser reeleito para a presidência.

No período à frente da presidência, Leco buscou ajustar contas do clube. Ele afirma que herdou dívida de cerca de R$ 170 milhões das gestões passadas, mas que hoje restam apenas R$ 114 milhões em débitos a pagar.

Por outro lado, também protagonizou polêmicas, principalmente em ações do setor de marketing. Os acordos de patrocínios com a Rock Ribs e a Prevent Senior foram os mais questionados.

No caso do primeiro, o clube estampou a marca da lanchonete por meses e não recebeu os valores combinados, além de ter ficado com o espaço do restaurante destruído e sem fornecedor.

Sobre a Prevent Senior, a Folha revelou que o contrato de R$ 22 milhões (que compunha conta de R$ 35 milhões de patrocínio que era propagandeada por Leco) rendeu apenas R$ 9,2 milhões. A diretoria do clube contesta os valores, mas tem recebido fortes críticas de opositores.

"Vocês não imaginam o que foi essa campanha. Nessa campanha vimos coisas impensadas, desconhecidas até hoje na história do São Paulo. Por influências que não fazem bem para a nossa comunidade", criticou o presidente sobre a postura da oposição na campanha.

Ele será o primeiro presidente sob o novo estatuto do clube, aprovado no início de dezembro do ano passado.

O documento permite o pagamento de remuneração ao mandatário que tiver dedicação integral ao cargo.

O salário não poderá ser superior a 70% do teto do funcionalismo público federal (cerca de R$ 27 mil).

Além disso, ele terá mandato único de três anos -até 2016, eram dois anos com direito a uma reeleição.

OPOSIÇÃO

A oposição são-paulina foi derrotada, mas saiu do Morumbi parcialmente satisfeita com o resultado.

"Voltei a pedido do grupo, infelizmente não deu. O importante é que a oposição saiu fortalecida. E 2020 está muito longe, até lá vou continuar exercendo minhas funções atuais no clube", disse o candidato derrotado para a presidência, José Eduardo Mesquita Pimenta.

Ele foi aplaudido ao sair do salão nobre do Morumbi após o anúncio da derrota e teve seu nome gritado por aliados.

"A oposição deu um voto de esperança. E esse voto quer dizer que se não andarem direito vai ter chumbo. Eu nem queria ser candidato, mas fizeram tanta besteira que tive que tentar", disse o desembargador José Opice Blum, 76, que teve 34 votos a menos que o auditor Marcelo Pupo, 47, na eleição para a presidência do conselho deliberativo.

Uriel Punk/Futura Press/Folhapress
Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, chega ao São Paulo para votação em que foi reeleito para a presidência do clube
Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, chega ao São Paulo para votação em que foi reeleito para a presidência do clube

PASSADO

A ligação de Leco com o São Paulo começou em 1966, quando tornou-se sócio do clube do Morumbi. Vinte anos mais tarde, se tornou conselheiro, e desde então passou a ter uma relação estreita com a política do clube.

Ainda na década de 1980 foi diretor de futebol e diretor jurídico. Os cargos lhe renderam uma aproximação com o ex-presidente Carlos Miguel Aidar, que posteriormente se tornaria uma forte aliança.

Em 2000, com o apoio do ex-presidente Juvenal Juvêncio, tentou pela primeira vez chegar à presidência, mas foi derrotado por Paulo Amaral. Dois anos mais tarde voltou à diretoria de futebol no mandato de Marcelo Figueiredo Portugal Gouveia.

De 2006 a 2014, assumiu da diretoria de orçamento e controle da gestão Juvenal Juvêncio. Foi vice-presidente de futebol de 2008 a 2011 e vice-presidente de 2011 a 2014. Até se tornar presidente de forma interina, em outubro de 2015, era o presidente do Conselho Deliberativo.


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