Folha de S. Paulo


São Paulo define novo presidente em clima de guerra entre candidatos

No dia 2 de fevereiro de 2017, José Eduardo Mesquita Pimenta oficializou sua candidatura à disputa pela presidência do São Paulo. Desde então, uma "guerra fria" entre ele e Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, atual mandatário e que briga pela reeleição, iniciou-se.

Nesta terça-feira (18), o vencedor desse embate nos bastidores será conhecido. A partir das 19h, os 239 conselheiros do clube votam para definir o novo presidente que terá mandato único até o final de 2020.

"Eu lamento que tiveram muitos ataques durante essa disputa. Isso não contribuiu em nada para o São Paulo. Espero que após as eleições consigamos um entendimento e um pacto pelo bem da instituição", afirmou Julio Casares, conselheiro e ex-diretor de marketing são-paulino.

Leco saiu na frente. Com a vantagem de estar no dia a dia do clube em um cargo de prestígio, fez um mandato popular e ficou com boa imagem internamente.

Primeiro, contratou o uruguaio Lugano. Com 35 anos em 2016, já não era mais o mesmo defensor de 2003, quando virou ídolo tricolor. Porém, o apelo dos torcedores fez o dirigente ceder. Em um ano, o jogador pouco atuou.

Em seguida, veio a demorada negociação pela permanência de Maicon. Também sob o clamor das arquibancadas, pagou cerca de R$ 22 milhões mais a cessão de 50% dos direitos econômicos de Lucão e Inácio ao Porto em um momento financeiro delicado do clube.

Por fim, a atitude que talvez tenha lhe dado a maior força para o pleito desta terça: a contratação de Rogério Ceni como novo treinador da equipe. Um ídolo incontestável, o ex-goleiro foi o último trunfo de Leco.

Conselheiros adversários de Leco e próximos a Pimenta contra-atacaram com críticas à atual gestão.

Eles centraram fogo especialmente no departamento de marketing, que, segundo eles, teria falhado em conseguir contratos vultosos a um clube com marca poderosa. Recentemente, o São Paulo fechou acordos com Arroz Urbano, Corr Plastik e Poty, empresas pouco conhecidas.

Além disso, nas últimas reuniões a diretoria do clube foi cobrada em relação a acordos de patrocínio com a Rock & Ribs e Prevent Senior. No caso da primeira, o clube estampou a marca da lanchonete por meses e não recebeu os valores combinados, além de ter ficado com o espaço do restaurante destruído e sem fornecedor.

Sobre a Prevent Senior, a Folha revelou que o contrato de R$ 22 milhões (que compunha conta de R$ 35 milhões de patrocínio ao todo e que era propagandeada por Leco) rendeu apenas R$ 9,2 milhões. A diretoria do clube contesta os valores, mas tem recebido fortes críticas de opositores por isso.

"Enfrentamos uma campanha aparelhada e financiada que partiu para a baixaria, criou notícias falsas e ofereceu 'pacotes de bondades' para quem mudasse de lado, mas todas essas medidas fracassaram porque os conselheiros sabem que o São Paulo hoje é um clube melhor e preparado para voltar aos seus tempos de glória", afirmou Leco sobre os ataques de seus adversários.

Avener Prado/Folhapress
José Eduardo Mesquita Pimenta, candidato ao cargo de presidente do SPFC, durante entrevista em sua casa
José Eduardo Mesquita Pimenta, candidato ao cargo de presidente do SPFC, durante entrevista em sua casa

Sobre Pimenta, conselheiros da situação apontam escândalos do período durante o qual ele foi presidente do clube (1990 a 1994).

Aliados de Leco lembraram que em 1994 uma fita gravada pelo agente de jogadores Francisco Monteiro, o Todé, em 1991, mostrava Pimenta em uma suposta negociação para ganhar comissão na venda do atacante Mario Tilico para o Logroñes (ESP). O caso levou à sua expulsão do conselho deliberativo do clube.

Além disso, no mesmo ano ele foi acusado de tentar lesar o clube ao firmar contrato cedendo o uso da marca do clube à empresa SP Sport, com pagamento de cerca de um terço de todas as receitas.
Em 1997, apresentou resultado de perícia que mostrava que a fita de Todé tinha sido adulterada e conseguiu ser absolvido e voltar ao conselho do clube.

"Não posso responder por todos. Mas nós do comando da campanha nos pautamos pela ética e pela apresentação de propostas que irão revolucionar a gestão do São Paulo Futebol Clube. Quem acompanhou a campanha sabe que nosso principal objetivo foi trazer ideias e soluções para reconstruir o clube, que há anos perdeu seu protagonismo e importância no cenário futebolístico nacional e internacional", disse Pimenta.

Eleição no São Paulo


Endereço da página:

Links no texto: