Folha de S. Paulo


Carrasco do Palmeiras, Pottker marca e Ponte abre boa vantagem na semi

O atacante William Pottker, 23, tem um método de automotivação pouco comum no futebol: ele escreve suas metas no teto do quarto para que assim que acorde pela manhã possa mentalizar o que deseja para si. Neste domingo (16), ele foi protagonista de passo importante na concretização de um objetivo próprio e do maior sonho da história de 116 anos da Ponte Preta —um título. Com um gol e uma assistência, ele comandou a vitória por 3 a 0 do time de Campinas sobre o Palmeiras pelo jogo de ida das semifinais do Paulista.

Pottker tem algo contra o Palmeiras, aparentemente, e a equipe alviverde deveria ter se prevenido melhor contra o marcador canhoto. Ele tem cinco gols em cinco jogos contra o rival deste domingo.

O técnico Gilson Kleina o colocou para jogar no espaço entre o zagueiro Edu Dracena e o lateral Zé Roberto. Em 2016, o técnico Cuca evitava Dracena nessa posição, argumentando que Vitor Hugo, hoje reserva, tinha mais velocidade para cobrir o veterano lateral. Cuca tinha razão nesse aspecto. Durante a semana, Kleina alertou: "temos o ataque mais veloz do campeonato", disse, em entrevista à Folha, e o setor esquerdo palmeirense não aguentou as blitze do time da casa por ali.

No primeiro minuto de jogo, Prass rebateu chute de longa distância, e então desviou com o pé o rebote. Jeferson finalizou novamente e Pottker, livre, desviou para abrir o placar.

Aos sete minutos de jogo, Pottker mostraria porque vinha sendo disputado pelas maiores equipes do país —após arrastada e depois fracassada negociação com o Corinthians, ele se acertou com o Internacional e irá para Porto Alegre após o fim do Paulista.

Pouco depois de fazer um gol de centroavante, ele mostrou habilidade na altura do meio de campo, deixou Dracena caído após uma finta e, entre quatro jogadores, enfiou a bola para Lucca ampliar a vantagem. Lucca é o terceiro colocado na artilharia do Paulista, com sete gols, atrás de Gilberto, do São Paulo, que tem nove, e do próprio Pottker, que está empatado na ponta.

Jovem, ágil, forte, goleador e com capacidade de jogar centralizado e pelas pontas, Pottker tem o perfil dos melhores atacantes que despontaram no futebol brasileiro recentemente, como Gabriel Jesus e Roberto Firmino, convocados com frequência para a seleção brasileira.

"Tivemos uma compactação muito boa. Fomos aplicados na parte defensiva e soubemos usar o contra-ataque", disse o atacante sobre o jogo.

Em contraste, o mais badalado atacante palmeirense ainda não conseguiu apresentar o retorno esperado. Contratação mais cara da história do clube, o colombiano Borja tem oscilado em suas exibições e ainda está longe de mostrar o futebol que o consagrou no Atlético Nacional.

Com Dudu apagado, o colombiano foi o mais acionado do ataque palmeirense, e pouco fez. Perto da área, não conseguiu se livrar da marcação. Longe dela, pouco criou.

Depois de receber alguma pressão do time visitante, ainda que sem ameaças reais ao goleiro Aranha, a Ponte Preta engordou a vantagem em contra-ataque que confirmou a péssima jornada do setor esquerdo palmeirense. Clayson cruzou e Zé Roberto, inteiro no lance, escorregou sozinho e caiu. O lateral Jeferson, outra peça importante do jogo, fechou o placar em 3 a 0.

Nos últimos minutos de jogo, Zé Roberto falhou na proteção da bola, que sobrou para Pottker. O atacante então foi derrubado por uma "tesoura" de Prass. O pênalti erroneamente não marcado pelo árbitro poderia deixar a Ponte com uma vantagem praticamente definitiva. A torcida ainda pediria mais um pênalti antes do apito final.

"Era para ter sido mais, sem menosprezar o Palmeiras. Mas não é porque está 3 a 0 que o juiz não vai dar um pênalti", disse a vítima da falta, negando que a Ponte já esteja praticamente classificada para a final.

"Tá louco? Contra uma equipe dessas [Palmeiras] não dá pra falar que está classificado. É só ver o que aconteceu com o Barcelona, que fez 6 a 1 sobre o PSG", afirmou.

A partida de volta será disputada no próximo sábado (22), a partir das 19h, no Allianz Parque. As duas equipes terão a semana toda para treinarem e se prepararem, já que a Ponte Preta só jogará pela Sul-Americana em maio (9), contra o Gimnasia y Esgrima, e o Palmeiras enfrentará o Peñarol, pela Libertadores, somente na quarta-feira (26).

Não há gol qualificado na fase eliminatória do Paulista. Sendo assim, o Palmeiras precisa de qualquer resultado com três gols de vantagem para igualar o placar e levar a partida para os pênaltis.


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